segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

No Natal de 2010

Aconteceu de eu e a coroa bater o Natal 2010 noutra city. Temos parentes, famílias nossas que não são, entre eles, famílias uns dos outros. Eu fiquei pra uma banda, a mother pra outra. A minha foi mais “raiz”: colei num sitião que um primo meu toma conta isolado na beira do rio. Fiquei por lá e a coroa vazou! A primeira noite, que era a da ceia, conversamos até quatro da matina debaixo do céu, rindo. E nanamos. Acordamos noutro dia, tudo era encontro. Montamos a piscina e as crianças triunfaram na água. Já nós adultos acontecíamos à sombra de uma parreira de maracujás verdes. Naquele verde que era tudo - de mato, de pasto, de pomar e de cana - ousei reacender cigarros que não usava há anos. Brinquei com fogo. Nas ideias com o sagaz primo, levado, fui levado ao galinheiro. Ali me apresentou ele aleluias e fascínio cru: galos que não eram só galos. Eram havença de força-furor, nobreza e loucura. Eram galos de briga. Colocados um a par do outro não se largavam – disse o primo até que um morresse! Mas que ainda assim se podia haver de um continuar bicando o finado até freneticamente. Eles arrepiavam as casuais penas do pescoço e saltavam a bater as esporas de Deus no pescoço do rival; e bicavam; e empurravam; e manobravam; e desviavam; e eram heróis inocentes da Natureza! Pirei, pô! O primo entendeu o meu torpor. Foi por isso que me levou na casa do Carneiro. O Carneiro como meu primo era o cuidador da terra alheia: sentava o popô no ambiente e cuidava de tudo com amor. O Carneiro também era doido. Quando a gente chegou lá ele não tava. Mas meu primo, dominando magistralmente afinados hot vailers e bulldogs me levou no galinheiro do Carneiro. Não foi lindo porque os bichos tavam trocando de pena, daí ficava o couro aparecendo; mas por saber que eles eram fodas e porque eles expressavam isso no olhar eles estavam todos muito perdoados! O setor era sinistro e eu cabrerei, por estar descalço, de pegar uns bichos de pé. Voltamos. Quase na porteira o Carneiro pintou. Na hora entendi o porquê do nome: o sujeito era branco, meio roliço e o cabelo loiro, enrolado. Que figura!!!
Daí voltamos com o Carneiro - para dentro. Quando passávamos pelos hot vailers eu simplesmente fazia de conta que eu não existia e habitava o quintal do Carneiro como um fantasma – eu nunca havia visto um hot vailer morder um fantasma!
Uma vez lá não deu outra: o Carneiro pegou dois pesos pesados e colocou eles pra brigar. Antes, porém, pros bichos não se danificarem, colocou uma espécie de espuma nas esporas e tipo umas “focinheiras” nos bicos dos alucinados guerreiros. Daí o pau quebrou. Mas foi sem graça! Acho que os bichos não sentindo real ameaça um do outro, não se deram ao trabalho de revelar as essências. Desse modo, eu dividia minha atenção entre a luta de araque e o lindo pôr do sol que se fazia presente. Talvez entendendo aquilo como desdém ou descaso, os meus prezados camaradas resolveram tirar as proteções dos galos. Aí eu vi a verdade que os animais são mesmo animais. Foi um show! E digo que os ambientalistas se lasquem porque é da natureza do animal fazer aquilo e se os mesmos se encontrassem por ali sozinhos o pau toraria do mesmo modo; então a mão do homem só os separa e alimenta, treina, para que eles façam o que de todo modo já iam fazer; a diferença é que com a intervenção humana eles recebem aplausos e estímulos de admiradores e afins. Sem contar que as feras mais espirituosas gozam da possibilidade de fecundar inúmeras e incontáveis galinhas; então acho que eles não podem reclamar: nem galos, nem ambientalistas.
Assim que o Carneiro separou os rapazes, cessando com o violento e fascinante frenesi, ele e o meu primo começaram a contar causos. Que delícia! Ríamos com o fígado, a alma e com todo o corpo, mesmo, mesmo, mesmo! Eles contaram que, quando iniciantes, foram no Rei dos galos de briga com dois exemplares medíocres para apostar contra as “máquinas mortíferas” do tal sujeito. Eles diziam ser tão mal informados quanto às sutilezas daquele submundo que começavam a explorar que faziam altas trapalhadas! Por exemplo, quando daquela época, nunca deram vacinas, treino adequado ou vitaminas aos seus animais. E por aí à fora. Mas foram lá, mesmo assim e assim mesmo! Eles contavam rindo, dizendo que a coisa foi ridícula (e cá entre nós realmente havia sido), que almejando que os bichos estivessem fortes e firmes, deram a eles uma quantidade muuuuito exagerada de milho. Assim, os malandros pintaram lá no papa da pancadaria galinácea com os papos indevidamente cheios. Ora, cacete, é lógico que assim supostamente eles não teriam desenvoltura ou agilidade suficientes para o embate. Vendo os galos mal tratados, e a cara de amadores intimidados do meu primo e do Carneiro, o anfitrião da parada fez a aposta arrogantemente, hiper confiante. Porém, os galos pé rapados do meu primo e do Carneiro, mostraram-se loucos e assassinos, malditos, cruéis e incríveis: derrubaram alguns galos até empatarem com outros monstros ao soar das campainhas. A essa altura, estando só o pó da gaita, como dizem eles, ganharam gaiola, mais dias de vida, moral com os donos – e esses ganharam prestígio, tesão e bufunfa.
Contados os causos, casualidades e causalidades, eu e meu primo tomamos o rumo de volta pra casa. Tinha chovido e o barro fazia as suas vezes. Eu descalço sentia como era habitar a Terra honesta. Depois de uma boa parte do percurso vimos ao longe uma moto que se dilacerava em acelerações e despropósitos. O acontecimento consistia em acelerações exageradas e num indeciso pequeno farol aceso no horizonte incerto e escuro. Questionei ao primo se seria alguém fazendo firula ou se era um acidente. Ele fez um de seus muitos gracejos, úteis para não confessar que não sabia do que se tratava, e seguimos em frente. Lá chegando, à beira da cerca, no pasto ao pé da estrada, um touro fungava atiçado. Perguntei se era pra gente, se tava com raiva nossa e o primo disse que se pá era pela chuva que podia cair. Mais à frente, contudo, encontramos uma vaca e muitas outras cabeças em explícito e incontido fuzuê. O porquê daquilo logo entendemos: havia um bezerrinho apartado do rebanho, do lado de fora da cerca, ao lado da estrada de terra. Aparentemente, estava enroscado na cerca. Por isso o primo achegou-se, porque se fosse o caso daria uma mão. Mas não era. Quando o primo encostelou naquele escuro, o bichinho vazou gemendo. Foi aí que o primo anunciou a tragédia: o novilho havia sido atropelado pela moto de cujo pampeiro fomos cúmplices e estava com fratura exposta, detonado. O que dois leigos como nós poderíamos fazer pra ajudá-lo, sem recursos, mas com boa vontade? A única e supostamente mais acertada coisa era ir ao Carneiro que era responsável pelo novilho. Caminhamos pra cacete de volta no escuro. O Carneiro socou-nos em seu corcel II e viemos picando bala até o pobre quadrúpede. Lá chegando e vendo o estrago, nós, juízes da vida, decidimos que o mais viável seria sacrificar o pequeno ser de três meses. Por isso voltamos buscar a tralha necessária à execução. Pegamos trator, caçamba, lanterna, faca e corda. E também a coragem necessária. Ao chegarmos no local do crime, o Carneiro passou o laço em volta do bezerrinho sem nenhum inconveniente. Aí amarrou o bichinho no tronco da cerca ao lado da qual se encontrava a família do dito cujo: expectadores horrorizados da frieza (des)humana. Meu primo cuidava para que o laço não se soltasse e eu segurava a lanterna. Diante da conveniência do assassinato eu havia absolvido a todos nós, em silêncio. Mas as coisas não foram bem. A faca que o Carneiro usava não era apropriada, tinha vezes que ela entortava no coro do bichinho sem entrar. O Carneiro insistia, o bicho berrava desesperado num espetáculo sinuoso. Sangrava esfaqueado, saltitando. Tomava furões. Tinha momentos de deitar abatido e nos dar a errada impressão de ter sucumbido pra na seqüência mugir como um touro, cheio de vida. Que sufoco! Quanto à vaca-mãe, saltitava fungando, berrando, gemendo, doendo à meio metro da chacina. O bicho não morria. A faca não prestava pro serviço e o Carneiro não finalizava o horror. Como a mãe estava quase rompendo a cerca para nos pegar de jeito, tivemos que jogar o bezerro - com fratura exposta, maxilar quebrado e diversos furos de faca no pescoço, nuca e afins – na caçamba do trator; isso de modo a seguir viagem até a casa do Carneiro. Lá a vaca não veria a cena. Com muito sacrifício enfiamos o bicho na caçamba do trator e rumamos. O trator ia na estrada e a vaca correndo em paralelo no pasto, nos acompanhando em luto galopante, a vida ardendo em marcha fúnebre. Que exemplo de amor bovino e de estupidez humana!
No trajeto, meu primo e o Carneiro, que estavam lá no trator, perguntaram a mim que me encontrava com o novilho na caçamba: “O bezerro está bem aí?” – Ao que eu vegetariano respondi, muito severa e revoltadamente: “Ah sim! Está ótimo, está pedindo um milk-shake!” – Meu primo riu e vi que ele comunicou a “piada” ao Carneiro, no intuito de que este também a curtisse. Foi quando o mesmo respondeu: “Mas o que é ‘milk-shake’?” – E meu primo emendou: “Ah, sei lá, é um negócio que vai leite.” – E o Carneiro concluiu, finalmente: “Oxe! Acho que esse seu primo tá tirando nóis eim!” – E deu risada!
Como era estrada de chão, a cada um dos dez mil buracos que passávamos o corpo dilacerado do bezerro deitado pulava e se debatia contra o assoalho. Era foda! Eu olhava para o céu e para o nada voltado a mim e dizia a O Deus que talvez haja: Senhor, perdoai-nos, nós não sabemos o que fazemos! E era mesmo um crime. Lembrei do Jesus que supostamente veio ser massacrado pra que a humanidade fosse salva, e assim entrou pra História. E sentia que também deveria contar a história daquele outro inocente, o bezerrinho, que também estava sendo humilhado, massacrado e destruído, só que mais modesto que Jesus, apenas para que uma meia dúzia de famílias tivessem sua refeição diária.
Após o doloroso e agonizante trajeto chegamos à casa do Carneiro. Foi lá que recebi a notícia de que, por falta de uma alternativa mais apropriada, o bezerro seria exterminado com uma marreta. Como eu estava em cima da caçamba, me deram a lanterna pedindo para que eu “alumiasse” o santo animal para que o Carneiro não errasse as marretadas. Pedi desculpas e disse que não gostaria de fazer aquilo. Então o Carneiro segurou a lanterna com a mão esquerda e desceu o sarrafo com a direita. Eu só ouvia as pancadas. E o bicho não morria! Quando a cabeça do bezerro estava debulhada, foi aí que acordamos que finalmente ele estava morto.
Por fim o cadáver foi jogado no chão; amarramos os tornozelos traseiros e o penduramos de pernas pro ar. Decepamos a cabeça e arrancamos o couro, tiramos a barrigada. Os cachorros comiam peças que os humanos rejeitavam; e bebiam as poças de sangue. O belo bezerro chegou ao ponto de ficar um monstro em carne viva, sem cabeça e sem v ida, feio, fudido. Uma agressão às retinas! Depois a política da boa vizinhança entrou em pauta: pelo serviço que meu primo prestou com minha ajuda, era realmente justo que ele ganhasse uma paleta do animal morto, ou seja, uma coxa e a respectiva perna. Contudo o Carneiro não tinha autoridade ou autonomia para isso. O correto era explicar a situação ao dono da terra e dos bois para que ele então autorizasse a transação. Mas ambos tinham com eles que, sendo muito muquirana, o patrão não doaria a paleta do defunto, não faria o justo. Aí o Carneiro disse que o meu primo deveria levar sim, que ele diria ao patrão que a paleta, no acidente, se extraviou, rasgou-se, moeu-se, ficando inutilizável. Meu primo nem discutiu: disse amém e ganhou o dia! Ao chegar em casa sujo de sangue, banguela, com uma barba de dois dias e uma coxa de bezerro crua de treze quilos nas mãos, sua esposa chamou-o carinhosamente de homem das cavernas e caiu, comigo, na gargalhada. Era uma da manhã e, conforme minha prévia e medíocre programação, eu deveria estar num Baile do Hawaii, a 27 quilômetros dali.
Não havíamos jantado. Então, chupei uvas. Conversamos e eles me convenceram que meu coração só estaria em paz repousando em Cristo. Mas eu entendia que aquela paz era uma fuga do mar turbulento da vida. E eu queria surfar ainda. Mesmo que tomasse uns caldos; mesmo havendo tubarões. Depois de papos fomos enfim dormir. No domingo, 26, acordei tarde com três anjos: as crianças haviam ido ao quintalzão e apanhado frutas no pé. Entregavam-me, dádivas, as dádivas colhidas, enquanto eu despertava feliz.
Aos poucos, sob os cuidados de toda a família fui despertando para mais um dia de Vida-vida, vida-Vida, vida ou Vida – nunca se sabe. Minha mãe me disse por telefone que os parentes de lá estavam me solicitando e que queriam que, ao menos naquele domingo, almoçasse com eles. Fui.
Lá, o churras comeu solto; e a beer e a música doída e triste e esteticamente inviável ao meu gosto. E eu não comia carne, não tomava beer e não curtia a música. As pessoas eram bacanas e me apresentaram champanhe de morango sem álcool. Assaram abacaxi com canela pra mim. Uma consideração, aquilo. Comemos e eu doceiro pirei no pavê que, além de ver, comi. Cerrei cigarros do velho dono da casa e falamos sobre assuntos diversos. Quando nos mandamos, nos deram um vaso com plantas que minha mãe havia de cultivar, mesmo em nosso apartamento.
Quando eu sai da área rural rumo à cidade meu coração se exprimia. Não queria aquilo. Na cidade, todos se medem, se olham, se cuidam e vigiam na loucura. No campo, com bichos somos mais humanos, longe do julgo dos vizinhos.
E, de volta, acabou aquela coisa do Natal e tal.

domingo, 12 de dezembro de 2010

As histórias dos Vinis!

O presente texto foi elaborado por mim e cada aluno meu, do 1º ano do Colégio Dirce Aguiar, deveria dar um final à história. O final que dariam a história seria uma projeção do final que entrevêem para as suas próprias histórias? A idéia é boa, vejam o que rolou...

Exercício: Dê um final à:
História de Vini

Vini era um cara legal. Super coração. O pai é que era figura complicada. Vivia bebendo, não ajudava muito nas despesas do lar. Sobrava sempre pra mãe do Vini. Essa era trabalhadora! Mas como não teve chances de estudar, ganhava pouco, lavando roupa e fazendo uns bicos de manicure. Com o pouco dinheiro que ganhava, punha o feijão na mesa e fazia questão de encaminhar o Vini à Escola. Mas o Vini não correspondia. Ia pra lá obrigado, mostrava total desinteresse nas aulas, era indiferente ao que se passava em sala. Mas, mesmo assim, todas as manhãs lá estava ele, a ocupar sua carteira na sala. De tarde e à noite, fora da escola, Vini convivia com as pessoas de seu bairro, garotos ou adultos, bons ou maus exemplos. Como se tratava da periferia, ele tinha que conviver com um pessoal meio barra pesada, malandros e pessoas que, excluídos da sociedade, viviam à margem dela. Alguns deles estavam naquela por falta de opções, outros por vontade própria. Mas e Vini, tornaria-se um “malaco”, um malandro, um Zé Ninguém como grande parte das figuras que conhecia? Ele tinha escolha?!
É claro que tinha! Qual? A de estudar, ser alguém de valor, de responsa! À quem devia essa oportunidade? Devia-lhe sobretudo à mãe, que com o suor do rosto sustentava-lhe para ele estudar; devia também aos Professores de boa vontade que queriam seu bem; queriam vê-lo realizado no futuro; queriam que ele não fosse só mais um, mas sim alguém de destaque!
Na verdade, o Vini parecia um mano. Era truculento no falar, nos gestos, etc. Mas havia um Professor em especial, que sabia entendê-lo e via que ele tinha um grande coração, além de ser bastante inteligente. Sabia que era uma jóia em estado bruto, precisando ser lapidada. Mas a cada dia o Professor se entristecia, porque, experiente e vivido, praticamente adivinhava, sem bola de cristal, o triste futuro que Vini teria se não se agarrasse nos livros. O velho Professor entendia da vida, sabia que o mundo lá fora é uma selva e que, para lutar nessa selva, a educação e o conhecimento são as maiores e melhores armas. O Professor era então um treinador, estava treinando guerreiros e via que Vini precisava adquirir as habilidades necessárias para sobreviver. Mas Vini não se “antenava”, não reagia às tentativas do velho mestre...

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... E continuava sendo indiferente.
O professor de Vini achava que ele era um menino muito inteligente e capaz de se tornar um grande homem no futuro, por isso não desistiu dele e a cada dia mais ele tentava mudar os pensamentos e atitudes de Vini.
Um belo dia o professor convidou Vini para uma conversa e o perguntou qual o motivo de tanta indiferença e Vini respondeu claramente ao professor: _ Eu não queria ser assim, as atitudes que eu tomo, as coisas que eu faço, são coisas pra me deixar alegre, eu tenho tanto medo, tanta vergonha, às vezes sinto até raiva de ter um pai como o meu e faço isso pra ficar mais feliz, mais isso é tão ruim por que a felicidade parece que é programada, uma hora ela sempre acaba e tudo volta ao mesmo “inferno” de antes, eu preciso de ajuda, me ajude?
O professor comovido emocionalmente com o que ouviu do aluno, prometeu que iria ajudá-lo.
No dia seguinte, assim que o aluno chegou à escola o professor o chamou e apresentou para ele uma aluna, muito bonitas por sinal, e disse que ela iria ajudá-lo pelo resto do ano, nos estudos, Vini ficou muito contente e foi sentar-se ao lado da menina.
Os dias foram passando e a cada dia mais ele também ia melhorando a vida em sua casa, a mãe foi percebendo as mudanças e até o pai que não ligava muito para Vini percebeu essa mudanças, ele ficou muito feliz em ver o filho estudando e se dedicando mais a sua família e resolveu que para compensar todo o esforço do filho ele também iria se esforçar ara parar de beber e respeitar sua família, Vini e sua mãe adoraram as mudanças, agradeceram a ajuda do professor e da aluna, a família de Vini estava mais unida e feliz do que nunca, passaram-se anos e Vini se formou em medicina e a partir de então se tornou o grande orgulho da família e de sua esposa que era Ana a aluna que tanto o ajudou na época da escola.

Amanda Minueza Alves, nº3 – 1ºB
Colégio estadual Dirce de Aguiar maia

... o velho mestre até pensou em desistir de Vini, mas viu que se ele desistisse poderia acontecer o pior pois sabia que Vini tinha amigos que não podia ser considerados amigos porque eram traficantes, ex-presidiários, resumindo... gente de má índole.
Como eu já disse Vini era muito inteligente apesar do desinteresse ele estava no primeiro ano do ensino médio nunca tinha reprovado. vini tinha o sonho de ser caminhoneiro e então depois de tanta conversa com o velho mestre decidiu que iria estudar para ser o que queria tanto, quando já estava na faculdade quase terminando ele conheceu Juliana, os sois fizeram amizade, e ao demorou muito para assumir o namoro. Depois que terminaram a faculdade, Vini se formou, casou-se com Juliana e realizou o sonho de ser caminhoneiro.
O vini era completamente apaixonado por Juliana.
Também Juliana era mesmo muito linda... mas o problema é que a Juliana tinha levado a mãe para morar conosco, A velha era a peste da pior peste dos quintos dos infernos. Vini só agüentava a barra porque era caminhoneiro e vivia na estrada.
Vini escreveu assim no pára-choque do seu caminhão: “ Feliz foi Adão que não teve sogra nem caminhão”
No dia em que Vini chegou de viagem ficou sabendo pela boca de Juliana que tinha acontecido uma desgraça sua mãe tinha ido jantar com o velho mestre, é aquele que adorava Vini. Então quando estavam voltando para casa houve uma batida muito bruta e nenhum dos envolvidos do acidente havia sobrevivido, inclusiva a mãe de Vini e o velho mestre.
Vini ficou muito chateado, e depois muito doente teve que se aposentar. E daí? Como é que ele ia viver em casa? Na toca do dragão como ele mesmo dizia. No primeiro mês até que Vini agüentou, no segundo o negócio piorou, no terceiro o caldo engrossou.
De verdade.
A velha jogou nele uma panela de sopa fervente. O cara então resolveu que o melhor era se matar. Vini não pensava em se separar de Juliana, separar da sogra Vini não conseguia. Então, ele comprou um vidro de veneno, uma arma e uma corda.
Amarrou a corda no alto de uma árvore, encheu um copo de veneno, subiu num banquinho. Na mão direita, o revólver, na mão esquerda, o copo de veneno. Antes de se matar Vini fez um pedido: “Caro Adão, você que foi o primeiro homem no mundo, você sim foi feliz eu só quero paz, eu só quero um pouquinho de sossego”. Depois ele engoliu o veneno, empurrou o banquinho com o pé e disparou a arma.
Bom, é aí que não dá para acreditar porque o tiro cortou a corda, Vini caiu de boca no chão e vomitou todo o veneno e ficou vivinho da Silva, novo em folha.
E quando ele abriu os olhos, sem entender direito o que estava acontecendo, a porta de abriu, era Juliana ela disse: “ “ O que foi meu amor? Você caiu do banco? Você se machucou? Venha querido, ande logo... “Você nem imagina o que aconteceu...”.
E entendendo menos ainda o que estava acontecendo, o caminhoneiro escutou o seguinte: “ Mamãe fez as malas foi embora daqui”. Depois disso um sorriso voltou a ocupar os lábios de Vini... e ele disse: “ Até que enfim um pouco de sossego!” Até que Juliana abriu a boca e disse: “ Se eu fosse você não tinha tanta certeza disso meu amor!”, disse rindo.
Vini sem entender disse: “ Quer dizer que sua mãe vai voltar?”
Rindo ela disse: “ A mamãe não mas o nosso filhinho que está crescendo aqui (Juliana coloca a mão na barriga) vai morar conosco.”
Juliana Bogarim Pinho Nº20 1ºB

Nome: Daniela Cervantes n°10 1°B
Trabalho de Filosofia: Historia de Vini

A vida de Vini foi terrivel, seu pai morreu, assim Vini ficou muito revoltado com a perda de seu pai, sua mãe tentava conforta-lo mais cada vez mais ele começou a beber, a usar drogas assim como o pessoal do seu bairro, Vini não se interessou pelos estudos , a ter um futuro brilhante assim como sua mãe que tanto o amava sonhou, muitos anos sua vida foi assim triste e revoltante, mas até que teve um dia que Vini parou pra pensar tanta coisa que ele perdeu (seu pai, seu futuro...) mas nem tudo estava perdido Vini resolveu procurar ajuda e ficou internado em uma clínica de reabilitação e lá ficou por 9 mêses, quando ele saiu de lá sua vida foi extremamente diferente ele voltou à estudar fez faculdade de direito, se casou com uma moça muito amável tiveram um casal de filhos e sua mãe maravilhada e muito feliz podia ficar em paz agora sem a preocupação de antes de receber à noticia de seu filho estar preso ou morto, assim tiveram uma vida muito feliz.


Mais um dia , Vini caiu na real é viu que ele estava entrando em uma roubada , que esse não era o melhor caminho que ele ainda tinha muita chance de ser alguém na vida , de estuda , ter uma profissão , um serviço digno . é com tudo isso ele poderia dar orgulha a Neusa (mãe) ela que sempre lutou pra dar do bom e do melhor pra ela . o que ele iria ganha nessa vida , meche com droga no começo é uma maravilha ganha dinheiro sem faze nada , mais um dia a casa cai , e nesse mundo você só tem dois caminho : cemitério ou cadeia . um certo dia resolve ir pro colégio , na hora do recreio o professor Gilson veio conversa , conversamos bastante ele me deu conselho , e falo que tudo que eu precisasse era só fala com ele , ele fez eu ver do que só capaz é que se eu tenho um sonho não é pra mim desisti , que tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado. sempre leve isso com você é lembre- se você e capaz . Isso que o professor (Gilson) falo fico na cabeça de Vini , ficou pensando em tudo é tiro um conclusão que iria ser alguém na vida . Começo a estudar novamente terminou o terceiro ano , o professor consegui um serviço pra mim , de ajudante no mercado aonde minha mãe trabalhava de zeladora , ganhava pouco mais já ajudava em casa , ai em novembro vai ter o prova do ENEI . ai fui me escrever para fazer a prova , pedi ajuda ao professor pra me ensinar algumas coisas essencial que iria cair na prova , foi uma época corrida trabalhava , estudava . Finalmente chego o dia da prova eu estava muito ansioso ,com medo alias essa prova seria um passo muito importante na minha vida , entrei na sala fiz a prova com calma e paciência até a metade das questões eu tinha certeza que estava certa as outra eu estava confuso mais que seja o que Deus quiser eu tentei fiz minha parte entreguei a prova é fui embora . continuei trabalho depois de cinco meses saiu o resultado , fui lá ver é tinha passado na hora não acreditei fiquei muito feliz , resolvi fazer faculdade e curso para ser um grande policial . depois de quase 5 anos fazendo faculdade , graças a deus consegui passa . arrumei um serviço bom na policial , começi um policial a sargenta (Leite), mais o nome dela era Kézia uma mulher linda, inteligente , é daqui alguns meses irei casa . comprei outra casa pra minha mãe . Hoje só um grande homem só chefe da policial tenho dois filho é lembre-se nunca desista de seus sonho nada e impossível .

Colégio Estadual " Dirce de Aguiar Maia "
- Kézia Araujo Leite nº 23 1°B





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7/11/2010
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Pois certa noite, Vini teve um sonho ruim, um pesadelo, sonhou que tinha se tornado um drogado, sem futuro nenhum. E na vida de tráfico Vini sonhou que tinha planejado um assalto em uma loja com seus parceiros, durante o assalto Vini e seus comparsas na fuga trocarão tiros com a polícia, e Vini levou um tiro, e caído no chão começou a pensar na sua vida sem as drogas, como ele poderia ser no futuro, fazendo uma faculdade, se formando para ser alguém na vida. Mas como tudo não passa de um sonho, Vini acordou assustado e apartir desse dia, Vini começou ver as coisas diferentes, viu que as coisas não eram do jeito que ele queria, e começou a estudar.

Nome:Diego Teodoro da Cruz N:11

... Houve um dia em que Vini viu uma cena que nunca queria ter visto! Ele viu o seu pai que estava bêbado bater em sua mãe. O pai de Vini espancou ela, e Vini foi interferir e acabou apanhando também, mas ele teve uma idéia meio assustadora... pegou uma faca e acertou no peito de seu pai. A mãe de Vini assustada gritou “filho não!” mais era tarde demais, ele já tinha acertado o seu pai.
Os vizinhos escutaram os tumultos e chamaram a polícia, a mãe de vini desesperada chorava e dizia ao policial que não leva-se o seu único tesouro o seu filho!. Mas foi em vão, eles levaram Vini para a detenção de menores, Vini ganhou a sentença de ficar lá por dois anos! Aqueles dois anos seria praticamente a morte para a mãe de Vini; Ela ia visitar ele todos os dias, mas Vini apanhava muito, os outros meninos batiam nela por ele ser novato ali, mas depois de um tempo acustumaram com ele .
Depois de dois anos, chegou o grande dia! Vini iria sair de lá! Era o dia mais especial para Vini e a mãe dele. Depois que vini saiou da detenção de menores, saiu determinado a uma coisa ! Que iria estudar e ser um homem direito, Vini voltou a escola e por coincidência aquele velho mestre ainda estava lá e ficou surpreso com o que tinha acontecido.
Depois de algum tempo Vini estudava e trabalhava pra ajudar a sua mãe. E a mãe de Vini sempre ficava orgulhosa e maravilhada com o desempenho de seu filho. A cada dia que passava Vini se tornava uma pessoa ainda mais direita.
E os anos se passaram, Vini fez faculdade de direito para que todos os direitos sejam feitos e cumpridos. Vini viajou para os EUA e se formou lá, depois de sua formatura Vini foi visitar sua velha mãe. E no meio da conversa a mãe de Vini comentou sobre aquele seu velho mestre. Vini muito entusiasmado foi procurar aquele velho mestre chato que sempre pegava no seu pé em sua infância.
Mas ao chegar lá Vini descobriu que aquele seu velho mestre havia morrido fazia um ano. Vini ficou muito surpreso e triste, mas a mãe de Vini com sempre o apoiou.
Mas depois dessas idas e voltas, Vini se casou, comprou uma casa para sua mãe e uma para ele, e continuou vivendo sua vida daquele moleque que por dentro ainda era meio malandro e homem do bem.
Autora: Jackeline Susann Farias dos Santos
Colégio Estadual Dirce de Aguiar Maia turma: 1º B

Vini ainda era muito jovem ele tinha várias barreiras pela frente o vini já tem um pobrema na casa, que era com o pai dele que era alcoólatra e não ajudava em casa só dava despesa mais passo algum tempo o pai dele morreu , e o vini viu que tinha que se esforsar na escola para ser alguma coisa na vida para não ter um fim igual o do pai dele e também para ajudar a mãe os irmão, bom o vini conseguiu alcança seus objetivo ele se formo em letras no dia de hoje o vini fala que pelo menos os filhos dele não vai passar necessidade de nada . Que eles não vai passar o sufoco que o vini passo com o pai dele não deseja isso para ninguém ......



NOME:vitor lisboa souza Numero :30 Serie:1a




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7/11/2010
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jonatas da silva alves
Para Fábio Rotilli
Ele Largou sua familha sua periferia para se dedicar as lutas o contra bando e as Drogas . Mas ai ele conheçeu um grande amigo chama Jonatas que mostrou pra ele que aquela vida que ele estava vivendo das Drogas das armas Não era umas coisa boa i mostrou atividades para que ele Não fique nas Drogas . Mostrou um grande Esporte Futebol que para Vini era o seu Dom . Começou a jogar Bola , era um jogador novo de 15 anos de idade estava no 1° ano do ensino medio. I osgrandes impressarios Foram ver vini jogar e deu certo virou um grande jogador de futebol que agora esta no time Do São paulo F.c . Ganhando muinto dinheiro volto para sua familha dele e a periferia onde la nasceu . I agora ajuda sua familha sua periferia , i agora Vivi aGradesse seu grande amigo que tirou ele das Drogras do mundo Ruim . Agora vini e seu amigo Jonatas estão jogando futebol juntos No São paulo f.c . fazem muinto susseso .

I agora seu amigo Jonatas Diz : Muintos me seguem mais so deus me guia . Longe das drogas . Nome do aluno : Jonatas Da silva alves Serie : 1°B Escola : Dirce de aguiar maia .


Então, passou a se concentrar mais na escola, o professor que tinha esperanças dele, passou a ter muito mais. Ele era ótimo aluno, conseguiu trabalho. Mesmo tendo 15 anos ele trabalha, mais não tinha seu nome registrado; e começou vim o abuso, ele trabalhava muito pra ganhar pouco. Mesmo com o pouco que ganhava, ele levava pra casa.
Ele conseguiu sair da escola muito bem preparada para a faculdade de psicologia, pois ele havia uma pressão na sua infância, pois seu pai bebia muito. Ele se formou na profissão que desde então começou a pensar. Com o dinheiro que ganhava ele comprou uma casa para os seus pais, e pagou reabilitação para seu pai que bebia.
Toda vez que sua mãe acordava tinha um pacote de feijão em cima da mesa com um bilhete escrito assim:
“– Mãe, você é a minha luz, você me deu vontade de estudar. como à senhora sempre disse: SE NÃO MENTIR-MOS, NÃO ROUBAR-MOS, E ESTUDAR BASTANTE, ALGUM DIA SERÁ ALGUEM NA VIDA.”
Com essas palavras ela olhou o bilhete e começa a sorrir.
Aluna: Elaine Caroline



e o ele continuou tentando mudar os pensamento de Vini , pois sabia que ele tinha grandes possibilidades de termina os estudos. Vini não estava levando os estudos a sério, brincava e conversava o tempo todo na sala. Então todos os professores de Vini se reuniram para conversa, decidiram que o melhor a fazer era conversa com sua mãe. Marcaram uma reuniam para dona Maria (mãe), e pediram para ela comparecer na escola no dia seguinte.
no dia seguinte dona Maria compareceu na escola, onde todos os professores estavam reunidos em uma sala a sua espera, todos os professores começaram a fala como Vini se comportava na sala de aula, para a surpresa da mãe que escutou muitas reclamações sobre seu filho, muitos professores sabiam que Vini tinha grandes possibilidades mais não comentaram com sua mãe, quando todos professores terminaram de explicar para dona Maria sobre o seu filho,então foi a vez do mestre (professor Robert ) ele começou a falar :
_Olha dona Maria eu vou falar como o Vinicius esta se comportando em minha aula ele é um bom aluno mais não esta interessado em estudar, mais como eu sei que ele tem capacidade de aprender e terminar os estudos estou tentando conversar com a senhora para que nos ajude com ele, o Vini brinca muito, conversa demais e se distrai com muita facilidade. Quando vamos falar com ele, ele não escuta e não ta nem ai. Tente a senhora conversar com ele pois ele tem grades chances de não repetir de ano suas notas não esta tão ruim assim é só ter força de vontade que ele consegue.
¬¬_ Olha senhor Robert muito obrigada por esta me falando tudo isso, por me alertar que ele tem chances de passa de ano, vim aqui já sabendo que iria escutar muitas coisas ruim sobre meu menino, e o senhor me dizendo que ele é um bom aluno fico mais tranquila vou falar com ele, pode deixa. Quando Vini chegou em casa dona Maria o chamou para conversar. Vini meu filho vem aqui quero fala com você.
_Sim mãe pode fala!
_Olha meu filho fui chamada na sua escola hoje e conversei com todos seus professores, todos disseram que você só sabe conversa e não faz nada na sala. O único professor que disse que você tem grandes chance de passar de ano foi o professor Robert , ele me falo que você é um menino inteligente um menino que pode passar de ano, mais que não para de conversar e esta andando com maus exemplos. Olha Vini, meu filho eu não tive chance de estudar como você tem de ser alguém na vida, fui uma menina que não teve outra escolha, engravidei cedo tive que me casar cedo também porque seus avos não me aceitaram grávida, para nunca deixar faltar nada para você comecei a trabalhar logo que você nasceu, foi onde comecei a fazer bicos de manicure e a lavar roupa dos outro, para poder te dar tudo o que você precisava. Você sabe que seu pai só fica no bar bebendo, poucas fezes ajudou em casa, meu filho não estraga sua vida não perde o ano se você tem grandes chance de passar de ano aproveite essa chance, Vini você é um bom menino vai para escola para estudar, e não fica andando com gente que não presta.
Vini escutou tudo que sua mãe tinha para fala e se trancou no quarto. No outro dia acordou bem cedo se arrumou e foi para escola, entrou na sala com uma disposição de aprender e de estudar como ele devia, Vini prestou atenção em todos as aulas, quando bateu o sinal para a ultima aula, aula com professor Robert, Vini se comportou direitinho aprendeu algumas coisas e até perguntou algo tinha dúvida para o professor. Quando deu o sinal para ir embora Vini foi o último aluno a sair da sala e falou para o professor que queria falar com ele.
_Sim Vini pode fala!
_ Queria te agradecer por ter conversado com minha mãe, e ela ter vindo falar comigo, e por esta confiando em mim.
_Só fiz o que eu achei que era certo sei que você tem capacidade de termina os estudo, e espero de coração que você aproveite muito bem isso.Vini saiu da escola com só um pensamento que iria achar um emprego e que ia ajudar sua mãe em casa. Vini andou, andou mais não achou nada voltou para casa triste.
Os dias foram passando, e Vini estava recuperando suas notas na escola já estava sendo um bom aluno e que não tinham mais reclamação de Vini. Sua mãe estava muito feliz.
Os meses foram passando Vini cada vez melhor na escola. E nunca desistindo de procurar o emprego, até que uma dia andando da escola de volta para casa porque tinha perdido a circular, Vini viu um anuncio em frente a uma loja de roupas (precisa de vendedor sem experiência) Vini não pensou duas vezes e entrou na loja uma menina que trabalhava lá foi atende-lo.
_O que o senhor precisa?
_ Vini respondeu, entrei por causa do anuncio que esta lá fora! A vendedora:
_Assim espere um pouquinho que vou chamar a gerente para você poder conversa com ela, espera só um minuto.A gerente chamou Vini para conversar em uma sala particular, onde conversaram por algumas horas, Vini saiu da sala da gerente muito feliz pois tinha conseguido um emprego e começava amanha a tarde, Vini muito feliz não via a hora de chegar em casa para contar para sua mãe sobre a novidade. Quando Vini chegou em casa escutou vários gritos de sua mãe e foi correndo para ver o que estava acontecendo, era o pai de Vini que estava tentando bater em sua mãe pois estava totalmente alcoolizado, Vini não pensou muito e entrou na frente de seu pai antes que agredisse sua mãe, dona Maria mando o marido embora de casa, pois já que não ajudava em nada não tinha que ficar sustentando ele. Ela arrumou sua roupas e o mandou embora. Depois de todo o acontecimento Vini chamou sua mãe para conversa e disse que tinha conseguido um emprego e que iria trabalhar no período da tarde para não ter que parar de estudar, dona Maria ficou muito feliz por saber que seu filho tinha mudado.E a vida de Vini estava melhorando muito pois estava ótimo na escola e estava aprendendo como deveria atender as pessoas na loja.
Os meses passaram rápidos e Vini estava muito bem em seu serviço, mais estava preocupado pois faltava dois dias pra sair o edital da escola e saber se ele tinha passado de ano. Vini estava trabalhando muito seu salário estava dando para ajudar sua mãe em casa, dona Maria estava muito orgulhosa de seu filho pois tinha endireitado não estava mais andando com maus exemplos e tinha arrumado uma serviço bom.
Dois dia se passaram Vini e dona Maria acordaram bem cedo para ir até a escola onde ia ficar sabendo se Vini tinha passado de ano, entraram na escola com o coração na mão Vini se aproximou do edital e viu que ele tinha passado de ano sua mãe fico muito feliz e ele mais ainda, quando estava saindo da escola Vini viu seu professor Robert que estava aproximando dele e de dona Maria.
_Parabéns Vini eu disse que você tinha condições de passar de ano!
Vini orgulhoso de si mesmo respondeu obrigado para o professor e saiu com sua mãe pois ainda tinha que trabalha.
E assim Vini começou a se dedicar em seu trabalho e em seus estudo para ter um vida melhor. E mais para frente poder formar uma família.
E assim se passaram alguns anos ,Vini conseguiu termina os estudo, se formo em direito, casou-se com uma medica, teve duas lindas meninas...
Sua mãe dona Maria ficou muito orgulhosa de seu filho pois ele era um grande pai, um ótimo marido e um grande advogado.

(autora: Caroline Corrêa Borniotte )



Uns dias depois decobriu que sua mae estava com uma doença grave,e ela não podia mais trabalhar
entao Vini teve que sair da escola para trabalhar e sustentar sua familia.
Entao vini voutou a estudar,se formou em direito e começou a namorar uma amiga da universidade,
e construiu uma familia com dois filhos,e depois de uns tempos descobriu que sua mae avia falecida , entao ele foi ficando meio depressivo e chegou um tepo ele não aguentou e se suiçidou-se

aluno:alexandre agostini turma 1ºb



...Por mais que o professor se empenhasse para fazer com que Vini
estudasse, ele não tinha nenhum sucesso, Vini continuava a ser
indiferente para os estudos.
Mas o professor não desistia, continuava se empenhando para fazer
com que Vini percebesse que o futuro dele, dependia da escolha que ele iria fazer.
O professor tentava de tudo, mas nada funcionava. Um dia o professor teve uma idéia; Levou Vini em um abrigo de menores para mostrar um pouco da realidade de lá. No abrigo tinha pessoas de todas as idades, a maioria delas tem alguma passagem pela polícia, e não tem nenhum estudo, algumas com uma realidade um pouco parecida com a de Vini, mas o que aquelas pessoas tem de diferente do garoto?! Pessoas que se preocupem com o futuro delas, como uma mãe que faz de tudo para que o seu filho se de bem, e um professor que vê um futuro bom para seu aluno, e tenta ajudá-lo.
Vini juntamente com seu professor conversou com vários daqueles jovens que moravam no abrigo, ouviram as histórias deles, a vida de cada um, e viram muito mais do que isso, viram nos olhos daquelas pessoas o sofrimento, o arrependimento e a vontade de fazer tudo diferente.
Vini depois de ouvir e ver todos aqueles jovens que não tinham oportunidade nenhuma, começou a dar valor em tudo o que ele tinha e em todas aquelas pessoas que queriam ajudar ele, ajudá-lo a se tornar uma pessoa de bem.
Vini, daí por diante se empenhou mais nos estudos, começou a trabalhar como estagiário em empresas para ajudar em casa. Seu pai vendo toda aquela mudança no filho, começou a mudar também parou de beber, começou a trabalhar de verdade, e passou a dar mais valor na mulher que tenha.
Vini depois que terminou o Ensino Médio, prestou um vestibular em uma Universidade Federal e passou. Daí por diante sua vida mudou para sempre, e para melhor, isso tudo, deve-se a uma mãe dedicada e a um professor persistente, mas principalmente a Escolha de Vini.

Poor: Bruna Caroline Lima de Souza

Então o velho mestre resolveu fala com Vini e lhe perguntou o que ele sabia fazer , Vini falou que sabia dançar e cantar . Então o velho e experiente mestre lhe fez uma proposta; nisso o mestre se revelou um empresário de grande porte.
A proposta do mestre foi : que se Vini se dedicasse mais aos seus estudos, eu faço de você um grande Rapper . Vini ficou muito feliz e muito emocionado . No mesmo dia Vini voltou para casa , ir contar a novidade para sua mãe , mais quando chegou lá já era tarde demais, tinha varias viaturas de policia , entrou no mesmo momento correndo e viu seu pai algemado e sua mãe morta no tapete branco da sala . Naquele momento Vini não teria mais ninguém no mundo. Vini ficou muito mal e foi fala com o mestre, e contou tudo o que tinha acontecido , o mestre então acalmou Vini e lhe disse que a proposta ainda estava de pé ,....
Com o passar do tempo, Vini acabou os estudos e cursou faculdade de Engenharia Civil , mais o que ele gostava mesmo de fazer era cantar e dançar . Vini foi atrás do grande mestre e quando chegou na casa dele foi surpreendido pela empregada do mestre que lhe deu a noticia : - o Sr. Fernado , está muito mal , com grave problemas de saúde , Vini ficou muito triste e preocupado não com proposta mais sim com a vida do mestre , alguns meses se passaram e o mestre melhorou . O mestre então foi atrás de Vini, e disse : - esteja na minha casa hoje 14 :30 horas , Vini responde : - ok, mestre !
No mesmo dia,Vini teve uma surpresa , era seu pai , que já tinha acabado de pagar pelo crime que cometeu , Vini ficou assustado , nisso já era 14 :15 da tarde , Vini começou a conversa com seu pai e esqueceu- se da hora , e quando lembrou já era 14 :49 da tarde , então Vini saiu correndo e disse : - pai , depois nós conversamos melhor, ta bom ?
Seu pai respondeu , : - ta bem , meu filho !
Para sorte de Vini , era que o mestre ainda estava lá o esperando . Vini se desculpou , e logo começaram a ensaiar . Com o passar do tempo Vini já estava quase gravando seu primeiro disco. Já era tarde quando Vini foi embora. Seu pai estava morando com ele, um dia de noite quando estavam jantando , Vini estava contando para seu pai a revira volta que sua vida tinha dado desde quando tinha ficado sem sua mãe ,e que a única pessoa que acreditava nele era o mestre, seu pai então ficou muito comovido e lhe perguntou, - filho me perdoa, por tudo que eu fiz você passar ?
Vini , então lhe deu uma abraço bem demorado e disse : - pai , eu não sou Deus pra perdoar , mais te desculpa . O tempo se passou e Vini já estava bem de vida e muito feliz porque seu sonho tinha se realizado , Vini ficou muito grato ao mestre , que lhe mostrou que se acreditando , tudo consegue.
Jessica Nunes . Turma 1b


È, concerteza não era uma tarefa muito fácil para o velho professor, já que Vini não acreditava muito que os estudos ajudariam na sua vida.
Com o pouco dinheiro que sua mãe recebia mal dava para pagar as contas, então ele resolveu arrumar um emprego. Como ainda não tinha a idade adequada, o único emprego que conseguiu foi em uma feira perto da sua casa.
Com um tempo, sua mãe ficou doente, sem ter condições de trabalhar, Vini decidiu que teria que arrumar dois empregos para poder comprar os remédios necessários para a mãe, pagar as contas e colocar comida na mesa, mas teria que parar de estudar pra isso. E foi o que fez.
O pai de Vini, não se importou com a situação em que se encontrava, e resolveu ir embora, deixando Vini totalmente responsável pela casa e pela saúde de sua mãe.
Com o passar dos dias, o velho professor sentiu a falta de Vini na escola e resolveu saber o que estava acontecendo, e logo á tarde foi para casa de Vini. Com sorte ainda o pegou em casa, e tentou convencer Vini que os estudos seriam o melhor caminho. Vini não aceitou e pediu para o professor ir embora e desistir dele.
Depois de algumas semanas, a mãe de Vini continuou piorando, e Vini estava vivendo numa situação difícil. Quando Vini estava saindo para trabalhar, sua mãe o chamou e pediu para que ele voltasse para a escola, para que ele tenha um futuro melhor, e oferecer também boas condições a sua futura família. Não queria que Vini vivesse daquele jeito.
Vini, via seus amigos da rua, traficando, roubando, matando e não queria ser assim, queria que sua mãe sentisse orgulho dele. Então resolveu dar uma segunda chance aos estudos.
Quando ele voltou para a escola, conversou com o velho professor sobre a saúde de sua mãe, e que não teria como ele ir à escola e deixar sua mãe doente em casa sozinha. O velho professor prometeu a Vini que sua mãe teria o melhor atendimento em um hospital e que ela nunca estaria sozinha, bastava ele voltar a estudar.
Como o professor já sabia, Vini era um garoto inteligente, e sabia que teria um futuro brilhante quando crescesse. Assim feito!

NAYARA GONÇALVES N° 29 . 1°B

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Diário de bordo: Floripa (Novembro de 2010)

Na ida, já no busão, caí ao lado de uma linda ninfa: Priscila, 20 anos, estudante de direito, numa facul pública de Ponta Grossa. Altas ideias, prazeres, olhares, pesares, audácias e, por fim, a covardia da não-intimação. Cantei-lhe Djavan enquanto ela fingia dormir: “teus sinais me confundem da cabeça aos pés, mesmo assim eu te devoro...” Ela entendeu tudo em silêncio! Aportando na rodoviária o pai dela veio apanhá-la; o resultado foi que me deram uma carona de uns 95% do trajeto: não me deixaram no Hostel porque eu não sabia exatamente onde era. Apanhei um táxi e fui pra lá. Na recepção houve confusão, ninguém sabia em que quarto me colocar. Levaram-me a um que rejeitei (não era o que eu reservara), depois abriram outro para me mostrar: nesse flagramos um jovem casal colombiano transando. Por fim, após muito sobe e desce me colocaram no local certo: um quarto com seis beliches.

Na manhã seguinte, lá estavam meus vizinhos de cama, dez belas muchachas – duas alemãs, duas australianas, duas inglesas, quatro curitibanas - e um uruguaio. Não era um time: era um furacão heterogêneo! Eu estava em casa.

Treinei muito meu inglês, por vezes de modo habilidoso, por vezes de modo tacanho. Mas fazia valer uma graciosidade e bom-humor meus, minha graça! O uruguaio, de inglês impecável, frequentemente ficava pra trás, mesmo lubrificado pelas caipirinhas que o Albergue oferecia de cortesia.

Certa manhã, vendo-me sozinho com Erica, uma australiana delícia, disse-lhe: Escuse-me, do you like a man? – Ela disse: Watch!? – E eu: Man, boy, boyfriends... – Why? – Because I would like to kiss you! - Ah, hehheeh, thank you, but I have a boyfriend! – Ok, and is he in Australia now? – Yes. – disse ela! Ao que eu, sorrindo e dando o pulinho da sorte qual o do ganhador da loteria nos comerciais, respondi: Uau! I’m a lucky man! E rimos juntos pra valer. Apaziguados, ela, na simpatia, disse: It’s fine, but thank you. E eu virando as costas convicto de ter tido um comportamento magistral e ter vencido-me, disse-lhe simplesmente: You are welcome! – e saí andando.

As alemãs eram mais belas. Com elas conversei mais, mas não houve momentos de ímpeto como aquele que rolou com a Erica; apenas insinuações mais ou menos sutis. Foram elas que conheci primeiro. Foi assim: após zanzar pelos bares da Lagoa da Conceição, lá estava eu, de pijamas deitado na cama em minha primeira noite no Albergue. Vi gente chegando alta madrugada. Pelos passos leves entendi que eram mulheres. Já abri os olhos. Eram elas. Sorrimo-nos. Uma veio até mim e disse, em inglês, que aquela cama era dela. Ao que respondi que o Nick, da recepção, me assegurou que a cama estava vaga. Nesse momento, falávamos baixinho, afinal havia nove pessoas dormindo ao nosso entorno. Mas a situação era cômica, ríamos bastante. Foi quando eu cavalheirescamente ofereci a cama para ela – claro que pensei na vulgaridade, às vezes eficaz, de oferecer para dormirmos juntinhos ali. Mas hesitei. Foi quando lembrei de uma cama vaga no quarto e apontei-lhe o caminho. Ela agradeceu, foi ao banheiro tirar a maquilagem, voltou de pijama e dormiu.

Noventa por cento do público do Albergue era gringo. Também, com os pais ganhando em euro fica fácil conhecer toda a América do Sul, tal como eles estavam a fazer. E eu que moro aqui há trinta anos, só conheço uma merrequinha de lugares. Ô tristeza! Vamos ver se com Dilma e mais anos de PT as coisas melhoram pra gente do povo como eu e a maior parte do brasileiros. No mais, devo dizer que eu tinha outra idéia dos europeus e dos povos historicamente situados como os “civilizados”, os bacanões. Aconteceu que uma noite eu jantei no Albergue. Pedi licença e sentei à mesa com as alemãs do quarto. Dentre em pouco, chegaram dois rapazes ingleses, sentaram-se impetuosos e bruscos à mesa, interrompendo minha prosa e dirigindo-se às garotas sem me dar a mínima, como se eu não existisse! É claro que aquilo era um abuso! Me irritei, fiquei puto! Se estivéssemos no século XIV tiraria as luvas e bater-lhes-ia no rosto, intimando-os para um duelo! Mas, estando no XXI, me segurei. E valeu a pena, pois a vingança, doce e restauradora veio a cavalo! Um segundo depois chega à mesa uma outra garota estrangeira. Ela tem o mesmo procedimento: me ignora por completo, dirigindo-se apenas aos seus conterrâneos do velho mundo, em inglês. Eu sorrio astuto: estava com um Royal Street Flash! Disse-lhe num tom extremamente provocativo, e super bem-humorado, rindo, rindo, rindo e ao mesmo tempo evidenciando a dignidade da minha revolta: Helo, I`m a invisible man! Todos riram! Eu mostrei que era bacanão, que todos eram manés e que eu sabia cobrar-lhes o que me era devido, como o gentleman que eles supostamente deveriam ser! Foi quando o que se mostrou mais humano entre os rapazes ingleses me disse amistosamente: “Hi, man! Where are you from?” – “I`m brasilian, and you?” – “I’m england!” – E eu, triunfalmente, finalizei, muitíssimo sorridente: “Ah, ok, you are welcome!” – O itáilco no “you” significa o que todos naquela mesa entenderam perfeitamente: que ele, apenas ele, era bem-vindo!

E lá estava Floripa: um refúgio? Um caos de gente? As duas coisas! Refúgio pra quem sabe ser, e caos de gente pra que não o sabe. O Albergue ficava em bom lugar: entre a Lagoa e a Praia Mole. Aos dois ia-se a pé. Tinha vezes de eu descer o morro, ao topo do qual ficava o Hostel, como um modelo na passarela – mesmo sem roupa da moda, mas com o charme e glamour que deve ter o modelo. Era falso, claro. Não sou modelo, mas entre eu e um, excetuando-se a beleza externa, o caminhar fizera-se indistinguível. Eu sou ator! Graaaaande qualidade e astúcia sê-lo! O segredo é se soltar, soltar a franga. Eu soltei muito a franga em Floripa!

Na praia mole, aluguei cadeira e guarda sol. Ao lado, instalaram-se três casais. Era impossível não mesclar-se afetivamente a eles. Estávamos geograficamente muito próximos. E o Fábio, esse suposto “eu” que devo ser e que é sustentado por esse nome e por uma história, estava de férias. Quando contavam piada, eu ria. Quando se aborreciam, me contagiavam. Rolou uma interação louca entre mim e uma das moças, algo transcendente, pura compreensão e mistério embutidos no pacote “magia”. Não demorou nada para que os rapazes se dessem conta daquilo. Aí o bicho pegou. Claro que ninguém saiu na porrada, mas os caras começaram a se crescer, a tocar terror, a usar meios desleais para me fazer abandonar o guarda sol, a cadeira e – quem sabe? – um amor predestinado. Enfrentei. O ator deveio He-man! A moça colocava panos quentes, muito habilidosamente, o tempo todo. Advogava a meu favor. Os rapazes hora pareciam entender o meu direito a estar ali, hora pareciam duvidar desse direito. Juntos, fizeram um complô para analisar meus trejeitos, ver o que se passava comigo. Não eram más pessoas, com certeza. Apenas não sabiam da verdade que eu mesmo aprendi naquele dia: que podia disputar a mulher de qualquer um, porque se eu ganhasse a disputa, aquela mulher não era desse qualquer um – e ninguém pode cobrar outrem daquilo que não é seu! Quando compreendi isso, olhei a todos nos olhos, repousado na verdade. Foi o meu green card de permanência.

Por fim, aquela aventura e encontro espiritual com a moça não deu em nada – contra meu coração, evitei-a, fugi covardemente de suas investidas querendo me convencer de que era o melhor. Afinal, como eu poderia me aproximar dela? Não tinha jeito! Eu não estava assim tão disposto a ponto de chegar na frente de todos da roda e me apresentar como possível amigo. Minha astúcia tem limites! Então, aquele saboroso encontro acabou por gerar o gosto amargo do desencontro. E valeu a pena! Tenho cá comigo que são essas ruas estreitas, que inventamos para seguir em frente, sem garantias, que nos conduzem para o lugar onde estamos. E quem disse que não era esse o lugar que deveríamos estar? E quem disse que deveríamos estar em algum lugar? O barato é o trajeto!

Foi também na Praia Mole que tive uma intuição filosófica peculiarmente sutil. Não sei, posso estar errado, não entendo de física quântica. Mas me parece que o mar interage com a gente. Ele nos absorve, responde às nossas projeções. Tipo, se entramos leves, despreocupados, as ondas vêm leves e delicadas. Se entramos soturnos e carregados, somos tragados pelo repuxo e ondas nervosas se abatem sobre nossos corpos. - Não quero fazer ciência disso, mas registrar essa impressão em nota literária para quem sabe daqui a duzentos anos alguém confirmar o fato e ver que eu já sabia – se eu estiver errado, tanto melhor.

Também peguei um taxista drogadérrimo; um perigo! Eu lhe dei uma pequena brecha, para ver do que ele era capaz e ele tomou uns noventa por hora na contramão, gritando, em plena Lagoa da Conceição. Mostrou-se razoável, contudo, quando implorei que parasse. Um outro, gordo, pediu quinze mangos pra me levar pro Hostel em certa noite. Eu entrei e disse, senhor de si e da situação: “Não! Liga o marcador!” O resultado é que, à porta do Albergue, a corrida deu sete e quarenta.

Certa noite, caí, solito, pra dentro do Jonh Bull. Levei um lero maneiro com uma figura que se erguia vendendo ingresso antecipado, um cambista. Trinta reais, Tribo de Jah. O lugar era bacana, paquerei muito. Mas com meus respeitos à banda que é composta por gente que adoro, gente simples, devo dizer que as letras são deprimentes, toscas e a musicalidade medíocre. Dói a alma ver o povão se extasiar diante de tamanha inocuidade. Claro que dancei, e muito. Mas significativa parte do tempo foi debochando de mim, por estar ali, e dos demais, por não saberem que eram frívolos. Em momentos felizes, esquecia meu lado crítico e me entregava a meus mais vitais impulsos: àqueles capazes me fazer requebrar diante de qualquer melodia dançável. Aí mandava ver e era libertação também, mas de outro nível.

Na última noite, o Albergue agenciou um ônibus para levar o pessoal ao show de um sujeito que eu, por anacronismo, nunca ouvi falar: Black Eayd Peas. Entramos no ônibus. Ao meu lado sentou-se o alemão Alex: magrelo, altérrimo, vinte e nove anos, classe média baixa. Falamos muito, olho no olho em inglês. Eu fui palhaço na prosa. Perguntei-lhe se ficaria muitos dias no Brasil, quais eram seus planos turísticos na América do Sul. Cavalheirescamente, ele me explicou que tinha dúvidas quanto aos melhores destinos e me perguntou que lugares eu recomendava. Foi minha chance de zuar. Comecei falando que eu era uma pobre alma de um país subdesenvolvido e que, por vezes, não tinha condições de pagar um banheiro de rodoviária. Dizia, fingindo chorar, que minha mãe era mãe solteira, professora do interior e que fui criado sem pai. Disse que eu não conhecia nada, que viajei muito pouco na vida e que se estava ali em Floripa naquele momento era porque comecei a trabalhar e ganhar meu suado dinheirinho. Era uma meia verdade que se tornava cômica pela maneira divertida como eu contava, fazendo minha vida parecer o que talvez realmente fosse: uma piada. Finalmente, para conscientizar o alemão de coisas interessantes acerca do Brasil, disse em tom tragicômico que o transporte aéreo só recentemente se popularizou no país e que eu mesmo viajei de avião pela primeira vez com vinte e cinco anos de idade. Eu falava como quem ria e chorava ao mesmo tempo. O Alex quase rachou de rir quando eu caricaturei a minha situação, dizendo que quando o avião decolou na primeira vez em que voei eu quase caguei nas calças. Era uma mentira dadivosa, pois levava meu novo amigo ao delírio. Mais tarde, neos-zelandezes vieram me parabenizar: ouviram toda a conversa e estavam convencidos de que eu era um grande artista.

Descemos todos do ônibus e ficamos esperando não sei quem chegar com as entradas. Foi quando intimei as duas alemães a me dizerem uma frase que julgam de grande beleza em seu idioma. Elas vacilaram. Pensaram, se embaraçaram. Por fim, disseram que não sabiam. Foi quando eu, pensando estar de posse de uma terrível compreensão, afirmei temerariamente: “Não há mais beleza no mundo!” Todos riram, e eu, ao contrário, estava triste com a possível descoberta. Foi quando elas rebateram: mas e você, nos fale uma frase bonita de sua língua. Foi então que eu lembrei, na minha grande tristeza, que estar triste por não ver real beleza, era uma beleza. E recitei Vinícius de Moraes: “Mas pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza, é preciso um bocado de tristeza, senão não se faz um samba não”. Então era quilo? A beleza que eu buscava, aquela que não rejeita a estética, mas que a transcende, estava reservada aos economicamente miseráveis, aos desguarnecidos? O sambista da favela a possuía; São Francisco de Assis também... Essa reflexão ecoa até hoje em mim, devido a sua grande plausibilidade. Mas, voltemos para o tête-à-tête da viagem...

Dentro da grande boate, o comum: gente sedenta por diversão, gente jovem, gente bacana, que anda na moda e se entrega às músicas efêmeras do momento. Eu também sabia estar lá. Não me firmei com o pessoal do busão; fiquei solto. Ia daqui pra lá, e vice-versa, livre, livre, livre! Seria essa maçã da solidão capaz de justificar e erigir a vida de solteirão em maciça alegria? Bom, o fato é que eu tinha livre acesso a todos os lugares, me sentia à vontade para interagir com todas as pessoas que elegesse. Bem aliado a mim mesmo, sem ninguém que me conheça para botar reparo – quem sabe dizer: “vejam, lá está o Professor Fábio!” – e, portanto, livre do peso do meu passado, livre das exigências sociais da vida ordinária, eu podia alucinar total, se quisesse. E de certo modo o fiz. Por exemplo, dancei por músicas a fio sem abrir os olhos, com o corpo em transe místico – diria. E quando abri os olhos as pessoas haviam feito uma roda em volta de mim. Eu havia criado um espaço no local cheio, um espaço meu. Uma intimidade no caos. Ao abrir os olhos depois de mostrar que eu sou pra valer, via rostos. O que eles me diziam? Uns, nada. Outros aprovavam. Outros invejavam. Nenhum me atingia!

Bebi apenas água mineral e água de coco. Às quatro da manhã, eu, pleno maestro de mim, deslizava entre corpos abatidos, bêbados, entediados, desiludidos e frustrados. Era glória, aquilo. Elegante, chegava em garotas sem me rebaixar, como se o chegar – independente do sim ou do não – fosse um jogo que eu já havia vencido de antemão. Quem quisesse confirmar tal feito, bastava fixar o olhar no meu. Lá estava tudo: límpido, feito, sólido. Não sei porque, eu sabia exatamente o que fazer, sempre.

No ônibus, na volta, meu amigo Alex empacotou. Me enturmei com o pessoal do Brasil, que eram os únicos animados. Rolou muita onda, muita risada, muito barato. Tudo era-me música. Por quê? É que, finalmente, após uns três dias eu desenvolvo um papo com alguém em português. Foi restaurador e por isso me pus a pensar na situação dos imigrantes. Deve ser trash!

Também ocorreu de a guia, brasileira, me traduzir. Ou seja, decifrar aquele pequeno ser que tinha diante dela. Como eu flutuava numa afinada beleza interior, que era apenas abençoar a vida e o Universo, possuía um sorriso indefectível. Ele amarrou-a. E ela também entendeu que eu entendia. Estávamos entendidos. Mas ela já estava agasalhada a outro. Um raposo. Ele rapidamente percebeu que a moça estava sendo atraída por um estranho ímã. Ele olhou pra mim e viu o ímã. Eu não o escondi e ele também se atraiu. Não sexualmente, quero acreditar, mas apenas amistosa e fraternalmente. Por fim, o ônibus parou antes do Albergue, às seis e meia da manhã, e os casais desceram. Banhar-se-iam no mar.

Quando aportamos no Hostel eu fiquei em dúvida: aguardar os quarenta e cinco minutos para servirem o café da manhã, ou ir empacotar? Após hesitar um pouco, fiquei com a segunda opção. Bacana o fato de eu já haver saudado o sol que nascera, antes de deitar. Acordei às onze. Desliguei o despertador e só surgi à uma. Fiz o check-out e o camarada brincou que eu devia pagar mais caro, já que fiquei num arem. Eu ri e paguei-lhe apenas o devido. Deixei as malas na recepção e parti ao encontro de minha última tarde na ilha. Já sabia de meu destino: uma cachoeira pela qual se chega de barco. O passeio foi legal. Durante o percurso ficava delirando com a possibilidade de vir a morar nas casas beira-Lago: casas ao pé do morro, de bom gosto, morro cheio de mata e natureza intocada, o barco parado à frente na praia particular.

Quando chegou na estação da cachoeira, desci. Após uma pequena caminhada morro acima, cheguei numa cachoeira minguada que mais parecia uma bica d’água. Não era o que eu esperava. Pra piorar, tinha uma galera da pesada por perto. Soube me sair. Tentei, então, me banhar sob a quedinha d’água, mas era improvável que alguém pudesse fazê-lo: havia grande limosidade nas pedras que impediam qualquer ser de se sustentar sobre elas. Retornei. Gratuitamente, desci cantando e sorrindo, sem parar ou desafinar mesmo e principalmente quando as pessoas passavam ao meu lado. Todos me sorriam. Morro abaixo, na estação do barco, havia lanchonetes. Elegi uma ao léu; pedi suco de laranja natural sem gelo e sem açúcar. A moça trouxe feliz. Bebi feliz e lhe dei feliz uma gorjeta do mesmo valor do suco. Rimo-nos e parti.

A fila do barco estava grande. Mal cheguei, chegaram atrás de mim dois rapazes. Doidos de brown. Riam, se refestelavam. Classe média que se acha malandra. Eram cheios de artimanha, tiradas, audácias, imprudências e despudores. Eu respeitava o pragmatismo deles, mas queria apenas estar ali em paz – sem me envolver na “onda” dos caras. Tentei dar isso a entender de modo sutil. Não rolou. Daí tentei fazer amizade e acabei até indo no bar comprar água. Mas os caras estavam definitivamente em outra. A solução, para conseguir o distanciamento que eu queria por direito, foi torturar-lhes. Conduzi-os friamente a alguns abismos. Fiz eles perderem a fé ingênua neles mesmos. E, em todo caso, fiz-lhes um grande favor: ensinei-lhes aquilo que já dizia o Cidade Negra, que: “malandragem é saber viver, se antenar ter a sagacidade...” – e com a banda em pauta ainda lhes perguntei: “que malandro é esse que apanha pra viver...?” Sinceramente, ao sorrir-lhes generoso e consolar-lhes com meu calor humano após tê-los derrotado, não duvidaria que chegando em casa fossem procurar fazer vestibular - e/ou largassem o skate!

Durante o retorno do barco sentei-me à porta do mesmo para melhor apreciar a bela vista. De repente um sujeito me bate às costas e pergunta hostilmente se era eu que ia puxar o barco quando o mesmo chegasse à estação. O fato de eu estar de mochila, óculos escuro, bermuda e chinelo e, acima de tudo, deslumbrado com a paisagem evidenciava em absoluto que eu era um turista. O cara, ciente disso, queria confusão? Respondi-lhe apenas “não!”. E ele emendou: “Então, cai fora daí!” – Respirei fundo e disse-lhe, extremamente debochador, mas irritado: “Quando estivermos chegando eu saio! Pode ser?!” Ele, sem saída e ferido, respondeu “Sim!” E dali a poucos segundos disse a alguém que eu estava me achando. Aquele sujeito me tirou do sério. Como podia ser tão vil, encardido e grosseiro? Que abuso! Era um senhor de barba; devia-lhe respeito por ser mais velho? Como agir? Devia tolerá-lo? Esgana-lo? Me perdi, fiquei fora de mim sem saber o que fazer. Tentando ser elegante, saí do lugar em que estava pedindo-lhe “com licença” e agradecendo por me dar passagem. Mas ele riu enquanto eu passava e eu disse que pedi licença porque achava a educação fundamental – e, nas entrelinhas, quis dar-lhe o bom exemplo, mostrar-lhe que a ação mais conveniente e apropriada é o caminho da cordialidade. Mas como eu estava muito nervoso, não agi senhor de mim, fraquejei. Ele, triunfante, caçoou de meus bons modos, provando que a força bruta, por vezes, é mais potente, eficaz, pragmática e melhor que os embotamentos da civilização. Eis a lição daquela triste derrota que sofri.

Momentos depois, já fora do barco, encontrava-me no ponto de ônibus. Eram cinco da tarde e notei que o busão acabara de passar. Se eu ficasse apenas esperando o outro corria o risco de não chegar à rodoviária em tempo para tomar o ônibus de volta à casa. Afinal, eu carecia ir ainda ao Albergue, apanhar minhas malas e, talvez, tomar um banho. Comecei a pedir carona a todos que passavam. Pedi a um, a outro, a outro... De repente alguém chega às minhas costas e me chama pelo nome. Era uma curitibana do meu quarto. Ela me oferece carona. Quando chego ao carro sua amiga está ao volante. Cumprimentamo-nos. Elas estavam com um carro alugado, passeando ao léu. Passamos diante das dunas e elas apontaram uma enorme bola de plástico transparente na qual aparentemente as pessoas entravam e desciam rolando duna a baixo. Ao que a outra contestou, questionando se os sujeitos dentro da bola não rolavam sobre as águas da Lagoa. Foi aí que ocorreu a minha mais feliz e pragmática metáfora de toda a viagem. Aproximei-me das duas garotas e lhes disse com a voz mais sedutora que fui capaz: “Olha, as duas opções me parecem deliciosas, ficaria com qualquer uma de bom grado!” As moças entenderam o recado e responderam ambas que também tinham gostado muito da idéia. E completaram: “Então vamos agora, nós três?!” Ao que eu disse que adoraria, mas que tinha que apanhar o ônibus de volta pra casa em poucos instantes. E puxei-lhes a orelha por não terem demonstrado tal interesse antes. Que teria sido uma maravilha! Elas entenderam e seguimos viagem.

Chegando ao Albergue elas se despediram e foram pro quarto. Eu, desesperado, teria que gastar uma nota preta com o táxi para tentar, sem garantias, chegar à rodoviária a tempo. Perguntei ao recepcionista se na ilha havia moto-táxi. Ele disse que não. Então entrei no deus Google e achei um. Em sete minutos eu estava de jeans sentando na garupa da moto. A mala não era exatamente uma mochila, mas foi possível coloca-la às costas. Depois de algum tempo, e muitos quilômetros, o moto-taxista - que contou-me haver largado uma profissão muitíssimo bem remunerada para dedicar-se mais ao surf amador - deixava-me na rodoviária. Como ele não tinha troco, deixei-lhe uma grana de gorjeta, apesar de ele haver se proposto ir trocar o dinheiro.

Chegando ao guichê para pedir emissão de segunda via da passagem que eu já havia comprado pela internet, o rapaz me informa que para tal seria necessário fazer um B.O. na delegacia. O problema, disse-lhe, é que o ônibus sai em vinte minutos. Depois de deixar-me em tenso suspense, o sádico atendente me informa que havia uma delegacia há trinta metros dali. Saí correndo. Ao adentrar no estabelecimento vazio, fui atendido por um escrivão sebento. Foi então que compreendi o suposto fundamento da crítica que o pessoal de direita dirige ao Estado, almejando o enxugamento das responsabilidades dele. O escrivão, diante da minha franca atitude e pressa, mostrou-se extremamente inabilidoso, incapacitado a oferecer um bom serviço e seguro de que eu nada podia contra ele e a estabilidade sobre a qual estava sentado. Vendo que eu me irritava com a situação e com sua lerdeza, ele se irritava também e a coisa foi ficando tensa e complicada. Ele digitava trêmulo, o pobre infeliz, catando milho e eu tremia também com raiva e como que ouvindo o tic-tac implacável do relógio a devorar-me. A solução foi entregar nas mãos de Deus – que mais podia fazer? – e estar ali apenas de corpo presente. Levei minha consciência a outro lugar. Passando por tal experiência três vezes por semana, logro dar conta de deixar enfiarem-me agulhas sob as unhas sem chiar. A casa quase caiu quando ele me perguntou qual era o número de minha poltrona. Tentando ser convincente, já que eu não lembrava, disse-lhe que era a quarenta e quatro. Ele disse: “Tem certeza? Porque senão for...” Não esperei que terminasse a frase e assegurei-lhe que era a própria.

Com o maldito B.O. na mão e faltando dois minutos pra o ônibus sair, corri ao guichê. Um outro atendente pegou o B.O. e o estudou. Digitou algo no computador. Disse que o número da poltrona estava errado, que era quarenta e três – e não quarenta e quatro. Expliquei-lhe que na hora não lembrei exatamente e pedi-lhe que relevasse o pequeno detalhe. Ele rabiscou o B.O., colocando o número correto. Fui ao ônibus. Entreguei as bagagens e cheguei à famigerada poltrona. Sem ninguém ao lado, esparramei-me. Dentre em pouco rolou um filme. Assistindo-o chorei, chorei. Eu tinha uma forte conexão com os passageiros. Éramos devotos uns dos outros. Todos pareciam cônscios da necessidade de haver respeito e amor entre os seres humanos. Se isso era mesmo assim eu não sei, mas era assim que sentia que fosse, então, pra mim, era assim.

Dormi legal. Aportei na rodoviária, tomei um táxi e cheguei no paliativo e incerto destino “casa”. Sem final. Feliz ou infeliz.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O preço da consciência

Muito do meu sofrimento vem do seguinte: de não me perdoar. Como meu soberano juiz, raras vezes absolvo-me. E a freqüência com que me culpo é muito grande. Por quê? Devido à amplidão de minha consciência. Minha consciência, muitíssimo frequentemente, é minha pior inimiga. Se eu chupo uma bala, me preocupo com o papel que deve ser jogado no lixo reciclável. Devo, sim, ler se a fábrica tem responsabilidade ambiental e, claro que seria justo, verificar se ela dá tratamento digno aos seus funcionários, bem como se, dentre as substâncias que compõem a bala há alguma que, isolada ou associada a outras - da própria bala ou das que ingerirei dali há duas horas, por exemplo -, fará mal a minha saúde. Assim, devido à ampla consciência que possuo, não consigo viver em paz! Por quê? Ora, não há como proceder numa análise minuciosa como a acima descrita no dia a dia. E furtar-se de tais análises e reflexões, é furtar-se de ser esclarecido, senhor das ações, senhor de si, responsável, ético. Somos tragados na fatalidade. Consciente de minha impotência e insignificância frente ao sistema de coisas que me engole, culpo-me, vivo infeliz. Não sei de onde a bala veio, pra onde vai, qual as conseqüências de eu chupá-la. Então, quando uma criança sorridente me oferece um chips, isso é uma maldição. Não sou leve, light-, carrego em mim o peso de minha consciência que me diz todas essas coisas terríveis! Olho o outro, e o vejo preso ao sonho. Ninguém está acordado diante dessa terrível verdade que aqui conclamo! Culpo-o por isso! Daí, eu também ser um fracasso social! Não estou mais segurando a barra apenas com remédios tarja vermelha e Ioga! Tem alguém aí, capaz de apaziguar meu coração, de me olhar nos olhos, segurar minhas mãos e dizer de modo convincente: “Está tudo bem! Tudo vai dar certo!”? - E também tem aquela de eu me questionar: será que eu devo infectar meus semelhantes com o vírus desse triste pesar, dar-lhes consciência da catástrofe que rege suas vidas? Não lhes seria esse um grande malefício? Em contrapartida, conscientizá-los não seria lançar o germe da possível mudança? Que fazer!? Nem isso eu sei, não sei mais o que fazer...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Mídia eletrônica: informação e relações – humanas?

Muitas e muitas vezes, na comunicação via mídia eletrônica, não há o feed back! Neguinho manda a mensagem, geralmente em massa, e não sabe se o outro leu! Normal, ninguém tem tempo de responder todas as mensagens que recebe, e também é compreensível que não dê uma resposta pessoal, sua e íntima, a algo copiado e colado, ou simplesmente encaminhado, pré-fabricado, etc - mesmo que tal mensagem seja substancial, rica e sábia e profunda, como há tantas por aí! Mas é essa frieza acelerada da comunicação que preocupa; bem como a ausência do feed back! Não há uma relação bilateral, a coisa vai e não volta! Está aí uma das geradoras do homem contemporâneo, aquele habitante dos não-lugares, como disse Augé. O sujeito, de tão plugado no PC acaba generalizando essa conduta na hora do olho no olho: é comum eu lançar a peteca aos meus alunos numa aula e ela bater neles e cair no chão – eles não respondem provocações ou perguntas simples e objetivas, tal qual aprenderam a fazer com os e-mails e mensagens. Estão condicionados por esse modus operandi que, drasticamente, os molda. O homem atual está cada vez menos preparado para o corpo a corpo, para a interação real (não virtual) com o outro. Assoma-se a isso o seguinte: por vezes os sujeitos recebem mensagens especiais, mas não percebem. Como assim? Vou dar um exemplo: eu ocasionalmente mando uma mensagem direcionada a um amigo, porque sei que a ele ela será significativa. Há de minha parte um cuidado, uma delicadeza. Contudo, o sujeito que a recebe não reconhece isso e nem sequer retorna a mensagem – senão comentando – ao menos agradecendo. A coisa vai ainda mais mal se eu criei aquela mensagem pensando no camarada e nem assim ele se manifesta. Por que isso ocorre? A minha hipótese é que os sujeitos têm muita informação, mas falta-lhes tato e discernimento para filtrar as que devem receber uma melhor atenção. A tecnologia está a gerar uma política da insensibilidade!

Há filosofia no Brasil?

Não há filosofia no Brasil. Há pesquisa e ensino na área. E só! No caso da pesquisa o que se faz é eleger um filósofo através da arbitrariedade do “gosto” e, a partir de então, desossar o arcabouço intelectual de sua obra - por vezes apenas uma obra ou capítulo, ou ainda um único conceito. Mas para isso, ainda é necessário o vínculo institucional e, assim, deve haver no corpo docente da instituição um profissional competente no autor em questão. Quando não há, muitas vezes o pesquisador muda o foco de sua pesquisa, o tema, o autor, etc., tal qual as putas que ficam na posição desejada pelo cliente! O sucesso ocorre quando o sujeito conquista o reconhecimento de autoridade no assunto, logo, depende de um senso comum – em outras palavras: de um acordo intersubjetivo da comunidade acadêmica que lhe atribuirá os louros por seu chafurdar. Ser doutor, quer dizer, ser um operário, um roedor de osso; a diferença entre o doutor e o mestre é que aquele é ainda mais servil! Então, no Brasil, não há filosofia, importamo-la da Europa e giramos, tal qual ao redor de um eixo estéril, em torno desse produto pré-fabricado. Outra questão é que há um etnocentrismo, velado mas substancial, na filosofia que tomamos por objeto: ora, apenas apreciamos a européia!, não há ensino/pesquisa que tome por objeto a profunda sabedoria, ensinamentos e – sim! – FILOSOFIA dos outros povos. O fato, já axiomático, de excluir o outro do ocidente como não-filosófico, como um “pretendente não-fundado” à filosofia, já remonta à tão arraigada rejeição à diferença que, desde Parmênides ou – como prefere a maioria – Platão, povoa o pensamento ocidental. Etnocentrismo, fascismo (?), sutis mas efetivos! É preciso dar ares de cidadania ao outro, ao saber milenar dos povos rejeitados pelo ocidente. Uma Faculdade democrática teria Yoga como disciplina da grade em Filosofia! – Nesse movimento, haveria em todo caso uma outra felicidade: os filósofos passariam a ter corpo; e também espíritos mais amplos, ao invés de apenas um cerebelo maquinal!

Eleições 2010: Vamos desmistificar as coisas?

O que é a vida? É respirar, e só? O que é preferível: fazer vingar uma semente mal nascida que respirará o ar tenso da miséria, da desnutrição, da desesperança e do desespero, ou tolher-lhe logo de início? Ou seja, você é a favor ou contra o aborto? Mais que isso: você sabe o que é um aborto? Aborto, em um sentido amplo e não menos exato é tolher a vida. Ora, de minha parte, estou absolutamente convicto de que as sementes que germinarão no governo Serra serão tolhidas na essência, como as acima mencionadas. Por quê? Porque o programa de Serra, ao contrário do programa do PT, visa à privatização, ou seja, nele ficaremos PRIVADOS de muitos benefícios. Evidentemente que nem todos ficarão privados, mas apenas as classes menos favorecidas que não terão como pagar por saúde, educação, segurança, etc. O Serra é um bom governo, mas bom para os ricos que terão condições de pagar por tais coisas – as quais são essenciais à vida! Ora, quem é então o abortista? É claro que é o Serra!!! Então, se você ama e respeita a vida, tanto a sua quanto a do outro, você tem um compromisso comigo: votar consciente em Dilma Rousseff ao dia 31 de outubro!

Abraços e até a vitória!

O autor do texto, Fábio Rotilli, possui graduação (UEM), especialização (Gama Filho) e mestrado (UFPB) em Filosofia. E-mail: fabiorotilli@hotmail.com

Desencontro

Essa madrugada, após perambular procurando diversão, socialização e fraternidade - ou melhor, procurando humanidade para além de relações formais, mercadológicas e inevitáveis (características dos dias semanais, de trabalho) - eis que, às quatro da manhã encontrava-me em um quiosque de lanches, a pedir um X-Salada. Não conhecia ninguém, apenas via pessoas acompanhadas, superficialmente felizes, inconscientes do desencontro essencial de suas vidas, outras distraídas... Enfim, disse a mim mesmo: “tudo certo no deserto.” Contudo, de repente algo desperta em mim um contentamento sublime, instaurando novo fôlego em meu coração. É que vi um casal se beijando, muito graciosamente. É amor! - pensei. A luz daquela magia me iluminou o semblante desacreditado e olhei o casal com o nobre intuito de saudá-los com um sorriso aprovador! Foi aí que o namorado olhou pra mim e bradou valente: “se você perdeu algo aqui, vai encontrar já já!”...

Diário de viajem: B.A . – julho de 2010.

Um dos melhores passeios de meus 30 anos. Cultura, pura. Glamour. Uma beleza! Lugar lindo, gente interessante e inteligente, fina e educada. Dizem da “grosseria” dos portenhos! Eu discordo, diria que são legitimamente austeros, pois o são quando se deve; por exemplo: se você está numa loja e pergunta o preço de um objeto [i]que está com etiqueta em lugar visível[/i], eles farão - de um modo mais ou menos sutil - você se sentir frívolo. Isso pra mim, implica em fazer do freguês e do cidadão uma pessoa mais autônoma, antenada e ligada. Eles contribuem com a sua evolução! Legal né? E não é só: tratam super bem aqueles que são amigáveis. A própria cultura da gorjeta (que eles chamam de “propina”) favorece a cumplicidade e o bom, harmonioso, relacionamento entre garçom e cliente. No Brasil, aqueles 10% vão pro patrão – isso talvez explique porque o atendimento lá é bem melhor. Ah, e a comida? Uma delícia! Mesmo não sendo carnívoro – e digo isso porque eles tem uma cultura de ótimas carnes – me deleitei com as massas (que eles chamam pastas): pizzas estética e saborosamente outras, com muito mais queijo, por exemplo – e queijo bom! Pois os dito cujos lá são baratos, tanto quanto o vinho. E frutas nas conveniências, de madrugada: reluzem, empilhadas em desenho que, pela geometria e cuidados demasiados, fascinam – para além do sabor! Quanto à língua: sussa! Com calma, de modo pausado, um portunhol de pessoa com boa dicção resolve qualquer problema. Sempre, seja simpático. E quanto à segurança? As zonas mais badaladas são extremamente seguras! Muitos policiais, eficiência. Baladas? Maravilhosas! Todo dia tem! Muita música eletrônica, pra dançar, não falta. Mas tem também os shows de Tango. Fui no Tortone – paguei um pau! Quarenta pila bem empregado: esplêndido e com 2 horas de duração. Tive um pequeno stress na entrada (porque se formaram 2 filas e daí fui ver estava na errada e acabei me atrasando – no meu entender eles tinham que informar as pessoas desavisadas), mas nada que impedisse a festa! Acerca de minha hospedagem, vejam o que relatei em um tópico apropriado da comu de Buenos no orkut:
“Albergues: minhas consideracoes...
É massa! Fiquei no Ricoleta e no Obelisco. Grandes amizades, aliancas paliativas, etc... Otima maneira de treinar suas habilidades em lingua estrangeira. Gente de todo mundo. Gente boa; mochileiros. No Hostel Ricoleta, havia banheiro no quarto - legal! Atendimento maravilhoso por parte de quase todos os atendentes (tem um cara meio secao la, mas e so ele). Daniela e Lucas, super simpatia. Pode falar portunhol com eles, de boa. Tambem ha aquecimento nos quartos (ar, creio). Chuveiro a gás, muito bom! Contudo, tem pequenos defeitos, superaveis. Tem wi fi, mas apenas um pc a disposicao de quem nao leva o portatil. O lugar tem alguma relacao com o grande escritor Jorge Luis Borges - nao sei qual. Barato demais (!!!): tipo uns 12 dolares com cafe da manha na opçao quarto coletivo. A proposito disso, nao se acanhe, e legal dividir o quarto: e um laboratorio de sociabilizacao!!! Hhahahahah... Quanto ao Hostel Obelisco, muito melhor! Quartos verdadeiramente amplos, roupa de cama mais alvejada. Sinuca, 5 computadores, wi fi, sala de video, barzinho, elevador, etc... Perto de varios sebos e da nove de julho - uma quadra e meia do Obelisco. Porem, nao ha banheiro nos quartos... Mas isso com a vantagem de os banheiros, alem de proximos dos dormitorios, serem muito melhores, verdadeiramente bons! Tem ate banheira... O preco é um pouco mais caro, mas pouca coisa. Vale muito a pena e, como o Ricoleta, tambem tem figuras de todo lado.

Aos viajeros com tesao por adiquirir altas experiencias, Hostel é o que há!!!”

E no outro dia: no mesmo tópico:

“Relato do Hostel Obelisco
Sem preco. Sobrio, cheguei da balada e to no andar de cima, no pc. Chegou um pessoal aqui em baixo, sacou o violao e mandou um Caetano perfeito, seguido de um Jorge Bem. Que sorte, que presente!!!

Horario: 6:44 am.”

Ah sim... e quanto ao passeio por Tigre!!????? Uma loucura de encanto, uma poesia visual, a realização ocular de uma utopia...
Sim, falta falar das compras, parte importante-filé. Bom, pra comprar é o canal, roupas e produtos baratos – especialmente couro. Vale, sim, bater perna. Mas não fique esperando aqueles atendentes super simpatia, ao ponto de beirar o cinismo ou a invasão. Eles são na deles... outros modos, ok? Nada de mais!
Quanto à locomoção, usei muito táxi, porque é realmente barato – mas o fiz mais pra baladas. Pra turismo há um ônibus especial. Dois andares, aberto o teto pra apreciarmos a arquitetura (riquíssima). Recomendo que se proceda do seguinte modo: monte previamente um roteiro, bem estudado. Veja quais as opções você elege ver em cada bairro, amarrando com o seu tempo disponível, claro! Aí, quando o “autobus turístico” para na vila “x” ou “y” você já está com tudo montado e aí vai seguindo o mapa (que vc baixou na net ou comprou na primeira banca da esquina). As opções de turismo, de pontos realmente vibrantes e interessantes são infindas. Acho que não há no mundo alguém que dissecou Buenos Aires... Aliás, atente para as efemeridades: agenda cultural, por exemplo. A este respeito eu vi uma instalação que... puts! Muito boa!!!
Saí de minha cidade de ônibus, foram 24 horas bem-vividas porque descobri Guimarães Rosa em profundidade (lendo o danado), enquanto relaxava numa poltrona quase cama; tinha até serviço de bordo com janta, champagne, etc... Tudo por uma merreca. Aliás, esse busão, da “Cruzero del Norte”, sai diariamente do Rio de Janeiro, passa por alguns pontos estratégicos e vai até mais abarro do que Buenos Aires. E o fenômeno do preço baixo talvez se explique por ele trazer reserva de combustível, em seu interior, proveniente da Argentina, onde o mesmo é muuuito mais barato.

Diferença e cidadania

Na Igreja Divino Espírito Santo, aqui na Zona 7, do lado de casa, durante essa semana, teve um agito à noite. Uma inhaca! Duas dúzias de jovens que de carismáticos só têm o nome com caixas de som, cantando músicas de péssima qualidade em um volume minimamente abusivo. À parte a mensagem cristã, as letras eram pouco arrojadas e a musicalidade paupérrima. Por vezes, desafinavam e desanimavam tanto que eu tinha certeza que os próprios presentes não iam embora por consideração - ou quem sabe por temor de que Jesus lhes mandasse um raio sobre a cabeça?! Mas o evento me fez levantar, cá comigo, uma questão importante. Ora, a religião cristã pode ser encarada como uma filosofia de vida, uma doutrina, etc., mas em última instância, trata-se de uma manifestação cultural. Gostaria, pois, de entender com que direitos ela se outorga, ou nós outorgamo-la, como superior às outras? Etnocentrismo, certamente! Como evitá-lo? Dirimi-lo? Criando mecanismos legais que permitam às outras manifestações culturais terem os mesmos direitos de cidadania. Por exemplo, um despacho no meio da Avenida Brasil, seria uma boa iniciativa. Uma sessão de have metal na esquina da escola onde leciono, durante minhas aulas e em volume bem audível, de preferência, também me parece boa pedida! O metaleiro, o macumbeiro ou qualquer outro ser capaz de protagonizar uma manifestação cultural tem menos direitos civis do que os católicos aqui da pracinha? Preconceito, idéia questionável... - (fascismo ?) - Então é isso, caros. Se o slogan contemporâneo do populacho - que nem entende de ontologia - é respeito às diferenças e tolerância a qualquer preço, que tal fazermos com que ele deixe de ser apenas isso? – um slogan!

Bom senso e senso comum no dia-a-dia

No condomínio onde resido não há porteiro. Quando nele adentro, não fico aguardando o portão fechar, colado a ele, tal qual fazem os demais moradores. Por quê? Porque entendo que, se surge um bandido, ele me renderia de imediato. Então, o que faço? Percorro um trecho de uns doze metros, sem descolar o olho do retrovisor, a cuidar se, nesse ínterim, algum elemento adentrou no edifício aproveitando-se do portão aberto. Nesse movimento, caso surja lá atrás um elemento potencialmente ameaçador, eu tenho uma distância de doze metros para tentar escapar, pedir socorro, alertar os vizinhos com buzinadas loucas, ou mesmo me entregar; de toda e qualquer forma, esses doze metros, só por me oferecerem tais possibilidades já constituem alguma vantagem... Além disso, agindo assim, economizo meu valioso tempo: quando o portão está se fechando eu já estou praticamente encaixado com o carro diante de minha vaga; mais duas manobras e... finish! Desse meu proceder, porém, surge uma questão. E às vezes ponho-me a pensar: será que meus vizinhos, que não pensam como eu, me compreendem? Será que ao verem meu peculiar hábito, entendem que ele consiste num ritual racional e cuidadosamente estudado? Penso que não, porque senão imitar-me-iam! Então concluo que eles devem me julgar displicente; devem pensar: ‘‘ele sequer aguarda o portão fechar!”. A minha prudência e bom senso, potencialmente capazes de beneficiar a todos os meus vizinhos, por serem incompreendidos, então, me ocasionam malefícios a mim, seu responsável e virtuoso autor! O exemplo da garagem é ilustrativo. O povo vive no não-saber, vive num padrão de ação-pensamento irrefletido. Àqueles que escapam de seu modo de ser, viver e pensar, mesmo que o façam por boas e justificadas razões, são geralmente incompreendidos, julgados e condenados. É por isso que para se dar bem nas relações inter-pessoais, muitas vezes, a razão e o bom-senso são um entrave.

Aline: Aleluia!

O Aurélio que me perdoe,
mas foi você
que me ensinou
o significado...
da palavra “musa”!
Tu és uma santa,
Aline! Uma rosa
levada pelas águas
do rio
de meus olhos.
Olhos tristes,
por te ver:
ao léu, ao vento,
sob as chuvas,
e a imperiosidade da Sorte.
Mas, contraditoriamente,
olhos felizes!
Por te ver -
vencer a chuva,
a Sorte, o vento...
E sorrir,
querendo mais!

Aline: Aleluia!

(Fiz um altar
a ti -
em mim!?...)

A simples, incrível arte do sim

- Devir? Que é isso, mãe?
- Filha, devir é o oposto de ser, que é estático. Devir é tornar-se. E tudo que devém é novidade, filha. Como dizia Chico Buarque na música “Roda Viva”, como dizia Lulu Santos na música “Como uma onda”, como dizia o Tim Maia e mesmo muitos filósofos, antigos e modernos, a realidade é bailarina: sempre nos surpreende com passos novos e inesperados. É por isso que te pergunto, filha, pra quê se preocupar, sofrer com uma situação qualquer? Ela é necessariamente passageira!
- Mas mãe, se é assim, então, pra que se alegrar já que sabemos que também a alegria é passageira?
- Filha, repare as crianças brincando à beira-mar... Elas constroem, felizes, seus castelos de areia, mesmo sabendo que as águas marinhas dentre em pouco os destruirá... Assim devemos ser nós, adultos: quais crianças devemos erigir projetos e sonhos, mesmo sabendo que não são eternos... E quando nossos planos e metas, nossa realidade conquistada tomar rumos outros que não havíamos previsto, cabe-nos lembrar que tudo pode recomeçar novamente, nunca é tarde demais... Há milagres milimétricos nas entrelinhas de cada instante, convidando a novos investimentos, novos devires, filha.
Ouvindo as palavras da mãe, a filha entrou no quarto, rasgou a foto do ex-namorado e entrou em um site de relacionamentos – de paquera, na verdade. Criou um perfil com o slogan: “Moça bonita, cheia de vida, quer amor verdadeiro”. No outro dia, ao abrir a correspondência, havia recebido propostas de cinco interessados. Eles pediam fotos e perguntavam pormenores de como ela era. Antes de enviar as fotos, cortou o cabelo bem curtinho - revolucionou-se. A respeito de si, disse: “eu não sou, mas estou sendo ‘assim e assado’... e estou aberta a mudar de idéia, porque aberta ao Mundo!”. Diante de moça tão decidida, os pretendentes aferravam-se em disputas audazes, por intuir que ela manobrava magistralmente uma fonte inesgotável de vida, cujo fim não podiam enxergar, sequer imaginar. - O tr(i)unfo da moçoila foi descobrir que a arte da vida é a arte de recomeçar, sempre! O sim: sua afinada tecnologia existencial!

Dos motivos

A quem possa interessar, eu já li todos os livros. Sou um barão, mas ando com o populacho, porque é lá que está a vida! Conheço, pois, tudo! Pela experiência e pela razão treinada, pela iniciação nas altas Letras e por bem nascido: tenho uma sagaz compreensão do homem e do mundo! Escrevo-lhes essa carta no anonimato, pois, membro da alta sociedade, de cargo importante, tenho uma reputação a zelar! É assim, pois, por esta prudente e velada via, que vim lhes dar testemunho de minhas convicções, tão cuidadamente alcançadas. Acredito, apenas, na fornicação! A necessidade de meter é o “primeiro motor” da história individual - e mesmo humana! Toda empresa e ação do homem tem por finalidade a ejaculação e o gozo! A única teleologia existente é a anal! Ou seja, ante um Alexandre o Grande, um Napoleão, sempre haverá um cu! Os mais elevados tratados, as maiores obras de arte, todas as grandes produções do espírito almejam atrair, seduzir. Os intelectuais, os artistas, como os conquistadores querem o poder – e o querem para poder foder! Esse, caros, é o nosso verdadeiro segredo, é o interior da História desvelada, seu subterrâneo e gangrenas enfim expostos! Entre Sade e Kant, existe apenas uma diferença retórica e de perspectiva!

domingo, 5 de setembro de 2010

De hoje pra ontem, pensei assim:

Acabou o meu xampu e fui usar o do meu primo. Estava no fim e acabei por terminá-lo. Pensei, vou comprar outro daqui a pouco, pois ele chega e quer banhar. Então olhei as especificações, marca, etc... Dizia, “cabelos frágeis, primeiros sinais de queda”. Puts! Meu primo tá velho?! Qualé?!! De súbto, o sentimento de vitória - a densa compreensão do sucesso alcançado - apoderou-se de mim. Caramba! – nos matemos vivos, apesar dos pesares, por trinta anos... Sim, temos a mesma idade. Eu, Fábio, e ele, Higor. Um como cada qual. Uma vitória! A vitória, cujo troféu é a vida; pura! Mas, o cabelo dele tá caindo!? Que importa! A vida é trancos e barrancos, isso, desvelada! Na real, tudo é improviso! Foi, venceu! Minhas lentes maduras me dizem que aquele xampu é bom, um bom sinal que é o de que há quem o use! Sem essa de que ele psicossomatiza chagas e isso reflete-se no couro cabeludo. Um otimismo sensato – indefectível!... É, é! – pronto!
Meu primo, das minhas reminiscências loucas! Quando no pasto dos bois pegamos estrume com um pau e corremos a ameaçar de encostar aquele fedor um no outro... quando de acidente encostei no rosto, dentro das narinas dele. Que ruim! Uma imprudência de moleque – mas que é louvor e bênção; dom de inocência malandra que participa do divino, sempre perdoada! Graça de verdade, esquecida de adulto e que se chama felicidade, rende tratados e, em permanente, nunca é alcançada: conceitual ou existencialmente...
Ai de nós depois da madureza!

Maringá, 07/08/2010, 21horas e 47 minutos.

domingo, 2 de maio de 2010

Fusão homem-mundo: a redenção

A pureza irrefletida e não mediada com que os bebês se relacionam com todos os objetos de sua experiência imediata e atual revelam o caráter efetivamente ontológico da fusão homem-mundo protagonizada pelo simples existir-junto. O que é existir-junto? Existir-junto é o que é. Em outras palavras: existir-junto é condição sine qua nom da não alienação. E alienar-se é não fundir-se orgasticamente com o que se impõem diante dos sentidos. O eu requer o distanciamento mediato: o eu está necessariamente alienado do mundo – e de sua própria essência. Tal alienação, por sua vez, tem suas causas. Em primeiro lugar, a previdência requer que se estabeleça uma primeira perversão da essência humana: o estabelecimento da reflexão. É preciso pensar para previr e prover, na luta contra as intempéries da natureza. Posteriormente, um segundo artifício muito útil para fixar os já corrompidos na existência é gerado: trata-se do advento da linguagem – conseqüência e segundo degrau de ascensão espiritual pós-reflexão. Assim, dotado de reflexão e possuidor de linguagem, o ser humano está instrumentalizado para protagonizar o advento da cultura. Nesse novo cenário, os bebês são logo ensinados e, assim, corrompidos pelos padrões existenciais dos adultos aculturados. Todo esse mecanismo resulta em um desvio pulsional que contradiz o telos celular dos indivíduos. É por isso que um verdadeiro humanista só poderia lutar por uma causa impossível: fazer com que a humanidade retroceda ao período pré-histórico. A eventual realização desse ideal (utópico?), além de prometer a satisfação pulsional dos indivíduos que se entregarão livremente aos instintos, numa fusão orgástica e estética com o mundo, também terá a virtude de livrar a humanidade de uma possível extinção causada por fatores antropogênicos. Isso porque em um mundo natural, povoado por afásicos animalescos, não existirá ciência: a mãe da tecnologia que permite destruir a fauna e a flora do planeta em ritmo vertiginoso.

sábado, 1 de maio de 2010

Pecado e neurose

Existem infelizes mais perspicazes que outros que, ao considerarem a soma de seus infortúnios, não buscam expiá-los em Deus: seu rigor epistemológico ou exigência de cientificidade faz com que busquem algo mais plausível e concreto e, por isso, derramam seus fantasmas sobre o divã. A troca é justa: ao invés de um interlocutor metafísico, em última análise fictício, que só se comunicaria com o fiel através de um delírio deste, tem-se um psicólogo capaz de intervir na moléstia psíquica do analisando. Com efeito, muito possivelmente, um psicanalista morreria de fome num mundo (só) de crentes.
Em todo caso, os infelizes requintados que trocaram a igreja pelo consultório, evidenciando um paralelo ou uma forte analogia entre pecado e neurose, saíram economicamente prejudicados: é que o perdão divino é gratuito, ao passo que a psicoterapia não é.

Potência recalcada X potência sadia

É fácil perceber que todo aquele que obtém êxito nas áreas canonizadas de um suposto conhecimento só pode ser um espírito de segunda categoria. Pois, primeiramente, seria necessária uma submissão metafísica para seu empreendimento ter sucesso, e isto por si só já evidência um acomodamento diante de algum postulado ou axioma fértil e conveniente. Além disso, tal espírito que se lança a um empreendimento destes deve percebê-lo como uma virtude: racionalmente inferior a um cético, e espiritualmente menor que um poeta, não vê que sua empresa é vã e absurda... Não sendo um veterano do non-sense, o cientista e o filósofo - salvo raríssimas exceções -, acreditam avançar, através de sua obra, arrastando consigo toda humanidade, rumo a um (semi)Absoluto positivizado: a virtude da esterilidade não é seu forte... (Como criar um energúmeno? Resposta: dê-lhe um método pré-estabelecido e uma direção falsificada!) Todavia, suponhamos que tal homem saiba de sua condição de fantoche acadêmico e que, no entanto, continue prestando sua contribuição ao desfile geral dos saltimbancos do logos apenas por conveniência: isso, sem dúvida, lhe daria algum prestígio diante de nós - os desacreditados; porém, este ser não merece os louros de nosso brasão: ele ainda produz! Tal espírito, já nos primórdios de sua formação, não possuiu a potência de se elevar acima dos propagadores da fachada universal, ele se adornou dos falsos artifícios propostos por eles... Aliás, tal lástima é verificável em hippies, engenheiros, etc. Mais especificamente: em todo lugar onde alguém assuma uma posição determinada. Tal ser não teve o dom ou a competência de tirar as últimas conseqüências daquilo que, certamente, manifestava-se nele como uma leve desconfiança ou intuição que, como sabemos, caso levada a sério, faria com que ele se libertasse de todo empreendimento de patamar teórico e de toda espécie de tentativa de explicar o real. Seja pela superstição ou pela matemática, um posicionamento qualquer deriva de uma subordinação frívola! Tal ser teria, caso sua potência não fosse de segunda grandeza e recalcada, deixado de lado tais especulações e, seguindo o exemplo do protagonista de Cândido, tornar-se-ia jardineiro - ou um agricultor rudimentar...
Meus heróis fugiram do ginásio! A prudência recomendada pelos seus arautos pais, mestres e professores recebeu o desprezo que, de fato, mereciam... Eles não se curvaram perante a injustificabilíssima “necessidade”... Sua potência era sadia, sua desconfiança imperscrutável, tiraram as últimas conseqüências e se não são livres no campo de suas ações, se não dão livre curso à grande intensidade de seu pulsar é porque a polícia e o tribunal os impedem.... Sim, sofremos com isso! E se não podemos dar vazão a nossas epifanias estomacais, somos, ao menos, livres no campo das idéias: jamais fomos reféns de postulados e axiomas, fizemos do Absurdo nossa morada e nos acostumamos a habitar o Impossível.... Estamos acima da humanidade e ela não nos perdoará por isso!
Morremos de rir ao adentrar numa sala de aula, ao ver tantas vidas desperdiçadas ante um quadro negro. Eu, particularmente, gosto de assistir a palestras ministradas por doutos homens de Letras: suas aporias me fazem cócegas! É comum eu rir da cara deles; e também é comum eles se sentirem nus na minha presença... Mas seu charlatanismo é perspicaz e eles têm todo um rebanho em que se apoiar... Raras vezes eu consegui desconsertar um palestrante a ponto de ele não conseguir dar seqüência a seu sofismo. Nessas raras vezes, confesso ter me sentido um pouquinho mal - pensava: “pobre homem, precisa ganhar a vida... está trabalhando!”. Porém, este pensamento durava poucos minutos e eu era obrigado a rir novamente. A verdade é que não consigo ter um legítimo respeito por um homem que se presta a este tipo de empreendimento...