segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

CONHECIMENTO, SABEDORIA E SOCIALIZAÇÃO

No presente texto, dentre outras coisas, defenderei a pobreza intelectual. Como assim? Bom, ocorre com as pessoas cultas, ao menos comigo, então suponho que também com os demais, de elas terem um mapa mental muito amplo. O que é um mapa mental? É a extensão do conhecimento do sujeito, que ocasiona as inúmeras janelas do pensar. Aquele que, diante de uma questão ou comentário, aciona múltiplas e numerosíssimas janelas, como que automática e involuntariamente, traçando percursos, efetivando linkagens e criando pontes mil, se perde diante da riqueza de tantas possibilidades. Ele tem virtude na solidão do escritório, mas socialmente, no calor de um debate ou de um papo informal, repousa no indeterminado, enquanto uma mente mais pobre já expele seu comentário com furor, mostrando-se, por assim dizer, rápido no gatilho. Esse sujeito, mentalmente menor, vive numa fluidez viril e se agencia mais facilmente com o outro. Ele frequentemente se dá bem. Já o de amplo mapa mental se afunda na topografia de sua extensa região intelectual, sem marcar pontos no aqui-agora. Essa é uma chaga do homem erudito!
E quanto à sabedoria? A sabedoria por sua vez, remete à ação. O homem sábio não necessariamente é estudado. Trata-se aqui daquilo que o senso comum convencionou chamar de jogo de cintura. É uma aleluia social! O homem do conhecimento, coitado, raramente possui tal virtude. Ela está para Aristóteles assim como o outro para um malandro do Rio de Janeiro. Os sofistas sim eram sábios. Poder-se-ia atribuir-lhes a seguinte frase: “Se você não gosta dos meus princípios, eu posso mudá-los”. É o ápice da maleabilidade! Um sujeito com essa postura, molda-se, flui e se agencia com a situação. Está sempre na crista da onda. Diante de tamanha maravilha, a atribuição pejorativa do adjetivo “volúvel” faz-lhe como que cócegas!