segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Diferença e cidadania
Na Igreja Divino Espírito Santo, aqui na Zona 7, do lado de casa, durante essa semana, teve um agito à noite. Uma inhaca! Duas dúzias de jovens que de carismáticos só têm o nome com caixas de som, cantando músicas de péssima qualidade em um volume minimamente abusivo. À parte a mensagem cristã, as letras eram pouco arrojadas e a musicalidade paupérrima. Por vezes, desafinavam e desanimavam tanto que eu tinha certeza que os próprios presentes não iam embora por consideração - ou quem sabe por temor de que Jesus lhes mandasse um raio sobre a cabeça?! Mas o evento me fez levantar, cá comigo, uma questão importante. Ora, a religião cristã pode ser encarada como uma filosofia de vida, uma doutrina, etc., mas em última instância, trata-se de uma manifestação cultural. Gostaria, pois, de entender com que direitos ela se outorga, ou nós outorgamo-la, como superior às outras? Etnocentrismo, certamente! Como evitá-lo? Dirimi-lo? Criando mecanismos legais que permitam às outras manifestações culturais terem os mesmos direitos de cidadania. Por exemplo, um despacho no meio da Avenida Brasil, seria uma boa iniciativa. Uma sessão de have metal na esquina da escola onde leciono, durante minhas aulas e em volume bem audível, de preferência, também me parece boa pedida! O metaleiro, o macumbeiro ou qualquer outro ser capaz de protagonizar uma manifestação cultural tem menos direitos civis do que os católicos aqui da pracinha? Preconceito, idéia questionável... - (fascismo ?) - Então é isso, caros. Se o slogan contemporâneo do populacho - que nem entende de ontologia - é respeito às diferenças e tolerância a qualquer preço, que tal fazermos com que ele deixe de ser apenas isso? – um slogan!
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