segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Há filosofia no Brasil?
Não há filosofia no Brasil. Há pesquisa e ensino na área. E só! No caso da pesquisa o que se faz é eleger um filósofo através da arbitrariedade do “gosto” e, a partir de então, desossar o arcabouço intelectual de sua obra - por vezes apenas uma obra ou capítulo, ou ainda um único conceito. Mas para isso, ainda é necessário o vínculo institucional e, assim, deve haver no corpo docente da instituição um profissional competente no autor em questão. Quando não há, muitas vezes o pesquisador muda o foco de sua pesquisa, o tema, o autor, etc., tal qual as putas que ficam na posição desejada pelo cliente! O sucesso ocorre quando o sujeito conquista o reconhecimento de autoridade no assunto, logo, depende de um senso comum – em outras palavras: de um acordo intersubjetivo da comunidade acadêmica que lhe atribuirá os louros por seu chafurdar. Ser doutor, quer dizer, ser um operário, um roedor de osso; a diferença entre o doutor e o mestre é que aquele é ainda mais servil! Então, no Brasil, não há filosofia, importamo-la da Europa e giramos, tal qual ao redor de um eixo estéril, em torno desse produto pré-fabricado. Outra questão é que há um etnocentrismo, velado mas substancial, na filosofia que tomamos por objeto: ora, apenas apreciamos a européia!, não há ensino/pesquisa que tome por objeto a profunda sabedoria, ensinamentos e – sim! – FILOSOFIA dos outros povos. O fato, já axiomático, de excluir o outro do ocidente como não-filosófico, como um “pretendente não-fundado” à filosofia, já remonta à tão arraigada rejeição à diferença que, desde Parmênides ou – como prefere a maioria – Platão, povoa o pensamento ocidental. Etnocentrismo, fascismo (?), sutis mas efetivos! É preciso dar ares de cidadania ao outro, ao saber milenar dos povos rejeitados pelo ocidente. Uma Faculdade democrática teria Yoga como disciplina da grade em Filosofia! – Nesse movimento, haveria em todo caso uma outra felicidade: os filósofos passariam a ter corpo; e também espíritos mais amplos, ao invés de apenas um cerebelo maquinal!
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