sábado, 1 de maio de 2010

Monólogo de um poeta maldito

O país perdido de teus órgãos desarmônicos desperta em meio à geração nova; ela traz flores impossíveis e imaculadas. Teus rins, no vácuo interno do teu corpo, contemplam adormecidos o florir dos jovens lançados no absurdo turbilhão das esperanças novas, todos envoltos em frivolidades primaveris.
Teus passos desperdiçados por tua estrada insana perguntam ao silêncio de teus lábios secos o eterno porquê das coisas..., mas o sangue não derramado de teus ideais nulos revelam, em segredo, à tua alma de bicho virgem, a falta de nexo fúnebre de teus raciocínios vãos.
E é assim que tua alma, petrificada por conveniência, evidencia a pedagogia sinistra de tua postura atual a todos estes novos transeuntes da existência que, ludibriados pela vitalidade de seus próprios hormônios, ainda conseguem se apavorar ao ver-te no exercício de tua mais alta liberdade: escarrar na presença deles.
Ao passo em que tuas mãos perfeitas se ocupam de frivolidades, teu peito dorme em meio aos afazeres desta vida crua, onde teus braços se ocupam de tua subsistência e tua mente divaga por entre abismos sólidos. E, enquanto a lucidez te apunhala, teu coração se assemelha a uma goiaba molestada por larvas sádicas.
Neste perecível e involuntário milagre negativo que denominas vida, passam teus pesados dias de minutos enfadonhos e lacunas casuais - raros insights transcendentes - revestidos por teus anos de empenho vão e de martírio ilógico.
Tua sina: escrever, derramar o ácido metafísico de tuas entranhas sobre a folha branca; tua tinta: teu veneno; teu parágrafo: teu escudo; adjetivos, vírgulas, reticências: apêndices gramaticais de teu desapego maldito.

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