Existem infelizes mais perspicazes que outros que, ao considerarem a soma de seus infortúnios, não buscam expiá-los em Deus: seu rigor epistemológico ou exigência de cientificidade faz com que busquem algo mais plausível e concreto e, por isso, derramam seus fantasmas sobre o divã. A troca é justa: ao invés de um interlocutor metafísico, em última análise fictício, que só se comunicaria com o fiel através de um delírio deste, tem-se um psicólogo capaz de intervir na moléstia psíquica do analisando. Com efeito, muito possivelmente, um psicanalista morreria de fome num mundo (só) de crentes.
Em todo caso, os infelizes requintados que trocaram a igreja pelo consultório, evidenciando um paralelo ou uma forte analogia entre pecado e neurose, saíram economicamente prejudicados: é que o perdão divino é gratuito, ao passo que a psicoterapia não é.
sábado, 1 de maio de 2010
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