sábado, 1 de maio de 2010

Suicídio e economia

O fato de todas as manhãs eu acordar sem saber se suportarei continuar existindo, faz com que, diariamente, eu gaste dinheiro de forma indiscriminada. Na verdade, nunca abro mão de satisfazer determinado gosto; compro mesmo qualquer coisa que eu verdadeiramente deseje. De modo especial, a industria têxtil se beneficia com minha compulsão ao auto-extermínio: é que, por cogitar constantemente a possibilidade de me matar, quando vou ao meu guarda-roupa acabo por escolher, sempre, minhas melhores vestimentas. A possibilidade real do suicídio, uma vez assumida, coloca seu provável protagonista numa situação existencial ímpar: se vou dar cabo de mim mesmo, que deixe, pelo menos, a poupança vazia! Acontece que, agindo dessa forma, nos deparamos mui freqüentemente com situações deliciosas, fruto de nossa audácia (do carpe diem). Assim, acabamos por reconsiderar nosso projeto e protelamos nossa queda no nada. Todavia, basta o tédio se reinstalar em nosso espírito e já pensamos, de novo, na abolição suprema. Novamente, “se vamos desaparecer, destruamos primeiramente nossa conta bancária”; e, outra vez, entregues ao prazer hedonista do consumo, repensamos nosso caso e decidimos “tentar novamente”, existir mais por tempo indeterminado. E, desta forma, fanfarrões instalados dentro deste processo cíclico, duramos anos e anos...)

Um comentário:

  1. rss... Boa cara!
    Se os comerciantes levarem a sério sua idéia irão começar a estimular o suicídio!
    Nietzsche tem uma frase em que diz que a idéia do suicídio é uma espécie de consolo e que ajuda a suportarmos a vida. Que coisa: pensar em morrer ajuda a viver!

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